Use este identificador para citar ou linkar para este item: http://hdl.handle.net/11690/2425
Autor(es): Prestes, Vanessa Amaral
Grisci, Carmem Ligia Iochins
Scherer, Laura Alves
Título: Usos/desusos/abusos de termos sobre mobilidade internacional e trabalho: diálogos possíveis entre administração e antropologia
Título(s) alternativo(s): SCHERER, L. A. ; PRESTES, V. A. ; GRISCI, C. L. I. Usos/desusos/abusos de termos sobre Mobilidade Internacional e Trabalho: diálogos possíveis entre Administração e Antropologia. In: XVI Encontro Nacional da ABET, 2019, Salvador. Anais do XVI Encontro Nacional da ABET, 2019. Disponível em: https://www.abet2019.sinteseeventos.com.br/simposio/view?ID_SIMPOSIO=17. Acesso em: 27 jan. 2022.
Palavras-chave: Mobilidade internacional;Migração;Trabalho;Expatriado;Imigrante
Data do documento: 2018
Editor: Anais do XVI Encontro Nacional da ABET
Citação: SCHERER, L. A. ; PRESTES, V. A. ; GRISCI, C. L. I. Usos/desusos/abusos de termos sobre Mobilidade Internacional e Trabalho: diálogos possíveis entre Administração e Antropologia. In: XVI Encontro Nacional da ABET, 2019, Salvador. Anais do XVI Encontro Nacional da ABET, 2019. Disponível em: https://www.abet2019.sinteseeventos.com.br/simposio/view?ID_SIMPOSIO=17. Acesso em: 27 jan. 2022.
Resumo: A mobilidade internacional – tomada como sinônimo de migração – tem sido tema de diversas áreas das ciências, em especial da Antropologia e da Administração que têm também no trabalho um tema de interesse comum. Dos estudos que promoveram a associação mobilidade internacional e trabalho, observa-se a proliferação de termos – relativos aos indivíduos que atravessam fronteiras geográficas, que a endereçam ora a uma, ora a outra área específica do conhecimento. Nesse sentido, o presente ensaio visa (i) discutir acerca dos principais conceitos e termos relativos à associação mobilidade internacional e trabalho, presentes na Administração e na Antropologia; (ii) argumentar a favor do incremento do diálogo entre as áreas em prol do enriquecimento teórico-empírico relativo ao tema. Para tanto, procedeu-se a uma revisão de literatura relativa a cada uma das áreas. Apesar de aparente disparidade entre as áreas, e mesmo que a questão do trabalho de quem se move internacionalmente seja por elas analisada a partir de diferentes recortes, certo diálogo vem sendo construído. Na Administração, o foco tende a ser direcionado para indivíduos de altos níveis hierárquicos – profissionais qualificados que se movimentam por motivo de trabalho em multinacionais (FREITAS, 2008; CHANLAT; DAVEL; DUPUIS, 2013). Na Antropologia, o mote se encontra em indivíduos que cruzam fronteiras em situação de vulnerabilidade, em busca de uma vida melhor, de um emprego, por motivos alheios a sua vontade, como desastres ambientais e guerras (SAYAD, 1979; RUIZ, 2003). O empréstimo de conceitos da Antropologia pela Administração ocorre, entretanto, inevitavelmente, quando se pensa em indivíduos em contextos interculturais nas organizações, isto é, indivíduos que vivenciaram a mobilidade para um país estrangeiro e, então, trabalham com nativos e não nativos (FREITAS, 2008). Há de se considerar, contudo, que usos/desusos/abusos relativos à expansão de termos poderão constranger o diálogo. Expatriado, autoexpatriado, flexpatriado, impatriado, executivos e gestores globais, na Administração; imigrante, diáspora, transnacional e refugiado, na Antropologia. Guardadas as distintas motivações de deslocamento, ainda é raramente discutido que a diversidade de termos estudados em ambas as áreas deriva do vocábulo migração. Migrar consiste em se deslocar a outro país por tempo indeterminado ou definitivo. Quem sai do seu país, emigra, quem entra em um país estrangeiro, imigra. Nessa perspectiva, sugere-se: todos são migrantes. Na Administração, o termo imigrante ou emigrante raramente é mencionado, a não ser em literatura específica sobre empreendedorismo étnico, que cai na conotação popular de indivíduos que se mudam em busca de uma vida melhor e montam seu negócio no país de destino. Na Antropologia, o termo expatriado tampouco é utilizado, salvo em obras como a de Ribeiro (s.d.). Mas ambas as áreas se referem a um mesmo fenômeno. O trabalho também merece diferentes considerações nas duas áreas. Na Administração, são abundantes estudos que apresentam viés funcionalista, com o objetivo de estudar e otimizar o processo de transferência internacional e, consequentemente, aprimorar o desempenho organizacional (GALLON; FRAGA; ANTUNES, 2017), sendo a organização considerada o cerne, mesmo que apareça apenas como pano de fundo. Sob outra perspectiva, há parcas iniciativas relativas a uma visão mais crítica. Na Antropologia, a discussão – mais centrada no indivíduo e no grupo – tem no trabalho apenas mais uma das inúmeras facetas a serem analisadas. O trabalho precarizado, com frequência, é tomado como o tipo de oportunidade que se apresenta a esses indivíduos (MARINUCCI, 2017). Considera-se o trabalho, entretanto, um elemento comum e central às diferentes formas de migração, visto que dele poderá derivar o sustento dos indivíduos no país de destino. A partir das ideias que predominam na Administração e Antropologia, ponderou-se que, para o mesmo tema – mobilidade internacional ou migração e trabalho – cada área de conhecimento faz um recorte específico relativo aos indivíduos e aos termos a eles atribuídos. Tal recorte pode promover, em ambas as áreas, classificações reducionistas da pluralidade da vida dos indivíduos. Forjar novos termos visando abranger a totalidade de situações que motivam a mobilidade internacional, poderá mostrar-se tarefa inócua ao avanço do conhecimento, tendo em vista a velocidade com que mudam as relações entre países, as motivações e possibilidades de deslocamento mundial, as configurações de trabalho. Argumenta-se a favor de um diálogo que considere a proliferação de termos, sob pena de os mesmos inclinarem-se mais à produção de nichos de conhecimento tomados como exclusivos de uma ou outra área de conhecimento, do que ao enriquecimento teórico-empírico. Argumenta-se, ainda, que a aproximação dos termos na direção de migração, poderia vir a ilustrar a dimensão diversa de vida e trabalho destes indivíduos. O ponto em comum aos termos apresentados por ambas as áreas no que se refere aos indivíduos que atravessam fronteiras, ainda parece ser migração, e ao redor dele o diálogo poderá contemplar outros aspectos relevantes.
Aparece nas coleções:Apresentação em Eventos (Gestão de Recursos Humanos)

Arquivos associados a este item:
Arquivo Descrição TamanhoFormato 
vaprestes.pdfOpen Access296,33 kBAdobe PDFVisualizar/Abrir


Os itens no repositório estão protegidos por copyright, com todos os direitos reservados, salvo quando é indicado o contrário.