Abstract:
O ensaio visa repensar o impacto que a cultura digital causa nos processos de leitura
e escrita na educação, à luz dos novos dispositivos tecnológicos que são estratégicos
à reprodução dos sistemas simbólicos. O debate imerso na teoria crítica da sociedade
se soma ao itinerário hermenêutico para esboçar os sentidos desses mecanismos
digitais no diálogo com a cultura contemporânea. Na cultura digital lidamos com bens
não escassos que vão do lápis à tecla e do impresso à tela. O problema encontrado
aqui gira em torno da intensa estimulação das tecnologias digitais, vistas como uma
obrigação ou necessidade do uso das telas de computador ou celular para estudar,
ler, escrever e atuar na vida cotidiana. Enfrentamos uma espécie de disputa de
atenção entre o impresso e o digital. Entretanto, o que nos inquieta não é o uso dos
instrumentos culturais em si, mas o processo de recepção do texto digital e impresso
pelos sujeitos. Concluímos que a inclusão digital abre horizontes compreensivos do
texto, com o ressurgimento de mundos ampliados pela abertura intersubjetiva,
possibilitando à educação reconstruir o elo vital com as tradições culturais para
recontextualizar as práticas educativas. Os textos digitais ou impressos só recebem
significados na inter-relação crítica com as diferentes linguagens em metamorfose, na
tensão linguístico-expressiva e social da escrita que só se realiza no projetar-se do
encontro pedagógico com o outro.