Abstract:
Este trabalho tem o objetivo de trazer a percepção de vinte e cinco anos de
trabalho realizado em uma instituição educacional pública pertencente a uma zona de
vulnerabilidade social bastante acentuada. São vários os problemas ocorridos na
instituição educacional, especificamente na escola pública, a qual faz parte de um
sistema institucional que impossibilita o trabalho com as singularidades dos alunos.
Os atravessamentos são muitos, dentre eles: o que já está instituído através de regras,
normas e pareceres; e o instituinte que procura ter voz e vez na construção do seu
espaço dentro da instituição como sujeito. O que já está instituído traz como resultado
a falta da subjetividade, tornando a escola vazia de significados e promovendo o
exercício da conformidade e obediência. Desta forma, tanto a psicologia social quanto
a psicanálise poderão auxiliar nesta construção das singularidades, embora com
campos diferentes de atuação, trabalham comumente a compreensão dos
comportamentos, pensamentos e emoções, uma no aspecto social de constituição
grupal e a outra no individual, na constituição do ser e das relações com os outros
através das instituições. Partindo da Lei no 13.935/2019 que determina a presença de
um psicólogo nas instituições escolares públicas, atuando como articulador de saúde
mental da comunidade escolar, percebemos que a clínica psicanalítica também pode
estar a serviço das possíveis demandas escolares. Ela vai ao encontro da psicologia
social no momento em que estuda a relação do indivíduo com a sociedade, observa
comportamentos e tenta entender como o sujeito é influenciado pelo ambiente social
em que está inserido.