Abstract:
Na cultura contemporânea, veloz e fragmentária, se multiplicam as formas de existir e
conviver, e, consequentemente, as formas de amar. Algumas delas, apesar de idealizadas
romanticamente como “amor”, estão mais próximas de adições e obsessões do que formas
de abertura efetiva à alteridade. O estudo buscou compreender os impactos da cultura
contemporânea sobre os processos de subjetivação, a partir das chamadas “relações
tóxicas” e de “adição a pessoas” no campo amoroso enquanto um fenômeno típico da
atualidade. Trata-se de um ensaio teórico associado a uma revisão integrativa da literatura
de base psicanalítica, que examinou 8 artigos científicos da última década sobre o tema. O
estudo dos artigos e a construção argumentativa do ensaio sustentam que as chamadas
relações tóxicas se constituem como padrões de dependência e submissão, nos quais a
subjetivação fica comprometida, dando lugar às experiências de vazio como fontes
insuportáveis de angústia. O suposto “amor”, imaginário e idealizado, surge como expressão
das exigências narcísicas resultando em violência e apagamento da alteridade.