Abstract:
Este estudo investigou a percepção da população surda sobre a acessibilidade do
atendimento psicológico oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em um
município da região metropolitana de Porto Alegre. Com abordagem qualitativa e
caráter exploratório, a pesquisa foi realizada com sete participantes surdos
vinculados a uma organização social. A análise de conteúdo revelou barreiras
comunicacionais persistentes, como a ausência de profissionais fluentes em Língua
Brasileira de Sinais (Libras), a escassez de intérpretes e a inadequação das
estratégias de comunicação nos serviços de saúde. Os participantes relataram
sentimentos de insegurança, constrangimento e exclusão nos atendimentos voltados
à saúde física e mental. Também foram identificadas práticas capacitistas, baixa
adesão dos profissionais à comunicação inclusiva e a invisibilidade da surdez como
identidade cultural e linguística. A maioria dos entrevistados recorre a familiares para
mediação ou evita buscar apoio psicológico devido à previsibilidade da falta de
acessibilidade. Os achados reforçam a necessidade de políticas públicas que
promovam a formação bilíngue de profissionais da saúde, a valorização da Libras
como língua legítima no contexto clínico e a garantia da autonomia comunicacional
da pessoa surda. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade La
Salle (parecer no 7.532.780), em conformidade com a Resolução no 466/2012 do
Conselho Nacional de Saúde.