Abstract:
A ação antrópica tem causado grandes impactos ao meio ambiente, especialmente aos recursos hídricos que recebem vários tipos de poluentes diariamente, principalmente efluentes cloacais e industriais. Num cenário destes, agravado por contaminantes do setor coureiro-calçadista, está situado o Arroio Estância Velha, pertencente à bacia hidrográfica do Rio dos Sinos, localizado na região metropolitana de Porto Alegre/RS. O cromo residual, especialmente na forma oxidada Cr (VI), é um dos contaminantes mais prejudiciais ao meio ambiente gerados pelo setor coureiro-calçadista, devido a sua alta toxicidade. O capítulo I do presente trabalho objetivou prospectar bactérias redutoras de Cr (VI) do sedimento do Arroio Estância Velha e avaliá-las quanto ao seu potencial de biorredução em diferentes concentrações de Cr (VI): 2, 250 e 500 mg.L-1, além de identificar o gênero e/ou espécie dos isolados bacterianos mais promissores. Dentre os quatorze isolados bacterianos mais eficientes foram identificadas as seguintes espécies e gêneros: Acinetobacter baumannii, Acinetobacter ursingii, Acinetobacter sp., Bacillus amyloliquefaciens, Bacillus cereus, Bacillus methylotrophicus, Exiguobacterium sp., Microbacterium sp. e Ochrobactrum sp. Todas as linhagens bacterianas isoladas tiveram a capacidade de reduzir o Cr (VI) para o Cr (III) em todas as concentrações testadas, sendo que os isolados do gênero Acinetobacter obtiveram percentuais de biorredução maiores entre 55,2 e 62,5% para a concentração de 250 mg Cr (VI).L-1 em 48 horas de incubação. A espécie Acinetobacter ursingii, isolado P2.8 e P2.9, foi a que apresentou o melhor potencial de biorredução na maior concentração de 500 mg.L-1 de Cr (VI), atingindo 21,3% e 24,5%, respectivamente, em 48 horas. A utilização de microrganismos eficientes para biorredução de poluentes de elevada toxicidade ambiental, como o Cr (VI), é uma metodologia prática e de baixo custo para aplicação em áreas contaminadas. No capítulo II foram avaliados os parâmetros físico-químicos e microbiológicos da água coletada em três pontos do Arroio Estância Velha e acessado o histórico de análises dos dez últimos anos realizados pela Prefeitura de Estância Velha. Alguns parâmetros tais como, o teor de ferro, de manganês total, de prata total e o alto índice de coliformes termotolerantes encontrados não atenderam os requisitos de classificação de águas de Classe 1 segundo a Resolução CONAMA nº 357/2005, águas destinadas ao abastecimento
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para consumo humano após tratamento simplificado, à proteção das comunidades aquáticas e à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas. O Índice de Qualidade das Águas (IQA) calculado nos três pontos amostrados classificou as águas do arroio como ruim, sendo que apenas a nascente (ponto 1) ficou classificada como aceitável. Os parâmetros que mais contribuíram negativamente no IQA foram o oxigênio dissolvido, a demanda bioquímica de oxigênio e, principalmente, os coliformes termotolerantes. Assim, torna-se necessário o planejamento e aplicação de ações para minimizar os impactos ambientais apontados e assim recuperar a qualidade da água do arroio, especialmente quanto a coleta e o tratamento de esgoto sanitário, já que esse se mostrou como a principal fonte de poluição desse corpo hídrico, nesse estudo.
