Abstract:
O presente estudo monitorou as Áreas de Preservação Permanente que foram
degradadas pela atividade de silvicultura de eucalipto (Eucalyptus sp.) e que estão
em processo de recuperação. Essas áreas foram selecionadas através dos Projetos
de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD‟s) enviados nos processos de
licenciamento da silvicultura supervisionados pela Fundação Estadual de Proteção
Ambiental Henrique Luiz Rossler – RS (FEPAM). A recuperação está sendo
realizada na forma de dois tratamentos. Ambos os tratamentos contam com a
remoção de espécies exóticas, mas o primeiro resulta da regeneração natural e o
segundo da introdução de espécies nativas. O objetivo principal foi comparar esses
dois tratamentos e analisar os resultados obtidos através dos seguintes indicadores:
composição florística e fitossociológica, estratégia de dispersão, classes
sucessionais e forma de vida. A área de estudo está localizada nos municípios de
Butiá, Minas do Leão e São Jerônimo, onde existem grandes áreas de plantios de
eucalipto. A coleta dos dados foi realizada no período de dezembro de 2017 a abril
de 2018. Indivíduos com altura igual ou superior a 1,5 m foram contabilizados em 13
áreas com regeneração natural, 12 áreas com a introdução de espécies nativas e 25
áreas com a mata ciliar de referência. Em todos os pontos foram feitas 3 parcelas de
5m x 5m, aleatoriamente. O tratamento com regeneração natural apresentou 39
espécies distribuídas em 20 famílias, totalizando 647 indivíduos, dos quais Baccharis
dracunculifolia teve o maior número de indivíduos (20,2%). Por outro lado, no
tratamento com a introdução de espécies nativas, a área apresentou 42 espécies
distribuídas em 20 famílias, totalizando 578 indivíduos, dos quais Schinus
terebinthifolia teve o maior número de indivíduos (15%). A amostra da mata ciliar de
referência obteve números maiores na análise florística, ou seja, 68 espécies de 32
famílias, e um total de 1608 indivíduos. A família Myrtaceae apresentou a maior
riqueza florística em todos os tratamentos. As espécies com estratégia de dispersão
zoocórica atingiram mais de 50% nos dois tratamentos e, na mata ciliar de
referência, esse índice sobe para 80%. Resultados relacionados à forma de vida
mostraram que o tratamento com a introdução de espécies nativas se aproximou
muito da mata ciliar de referência, demonstrando uma superioridade no
desenvolvimento em relação à regeneração natural. Quando analisamos o índice de
valor de importância, o tratamento que mais se assemelhou a mata ciliar de
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referência foi o de regeneração natural. Para DAP (diâmetro a altura do peito) e
altura, os melhores resultados foram encontrados no tratamento com a introdução
de espécies nativas, que se aproximaram mais dos valores coletados na mata ciliar
de referência. Em suma, ambos os tratamentos de recuperação de áreas
degradadas provaram-se eficientes, visto que as áreas de estudo estão se
recuperando e as espécies exóticas não estão se desenvolvendo nesses locais.
Nosso estudo demonstrou ainda que o tratamento com a introdução de espécies
nativas leva uma pequena vantagem sobre o tratamento com regeneração natural
quanto ao estágio sucessional. No entanto, se o objetivo é assemelhar-se à
composição de espécies encontrada na mata ciliar de referência, o tratamento de
regeneração natural parece mostrar melhores resultados.