Abstract:
Introdução: O estresse é considerado como fator de risco para uma
parentalidade eficaz. Crianças com transtornos neurodesenvolvimentais,
incluindo a Síndrome de Down (SD) e o Transtorno do Espectro Autista (TEA),
podem apresentar comportamentos e habilidades linguísticas/comunicativas
alterados, sendo a deficiência na comunicação oral uma possível
potencializadora dos quadros de estresse parental. Objetivo: Verificar se há
associação entre o deficit de linguagem de crianças com SD ou TEA e o nível de
estresse dos pais. Método: Estudo transversal realizado em duas instituições da
APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) em duas cidades da
região metropolitana de Porto Alegre/RS com crianças com TEA ou SD e seus
pais. Os dados coletados foram variáveis sociodemográficas, Índice de Estresse
Parental (Parenting Stress Index Short Form), Escala de Religiosidade de Durel,
Escala de Resiliência de Connor-Davidson e o Questionário de Capacidades e
Dificuldades (Strengths and Difficulties Questonnaire). Para a avaliação da
linguagem da criança foram utilizadas as provas de vocabulário parte B do
ABFW- Teste de Linguagem Infantil. Resultados: A amostra foi composta por
50 crianças sendo que 34(68%) com diagnóstico de TEA e 16(32%) com
diagnóstico de SD, onde a média de idade das crianças, foi de 4,2 ± 1,2 anos.
Com relação a parentalidade, 42(84%) foram mães e 8(16%) pais. A média de
idade dos pais foi de 36,7 ± 7,7 anos. Apenas 10 (20,0%) pais foram
considerados resilientes e quarenta e um (82,0%) pais apresentaram
religiosidade intrínseca elevada. Com relação às características
comportamentais dos filhos, 35 (70,0%) e 30 (60,0%) crianças apresentaram
problemas de conduta e hiperatividade, respectivamente. Quatorze crianças
(28,0%) apresentaram linguagem dentro do padrão sugerido pelo ABFW em
cada faixa etária. O escore médio do índice de estrese foi 99,4 ± 17,2. As
variáveis que se mostraram independentemente associadas ao estresse
parental foram ser mãe e hiperatividade, maior dificuldade de linguagem e
diagnóstico de TEA dos filhos. Conclusão: Deficit no desenvolvimento da
linguagem oral em crianças com TEA e SD está associado a maior estresse
parental, mesmo após ajuste para outras variáveis relevantes.