Abstract:
Introdução: Níveis aumentados de atividade física (AF) têm um efeito protetor contra o
desenvolvimento de doenças cardiovasculares e mortalidade em geral. Alguns estudos sugerem
que a AF pode ser protetora contra o desenvolvimento da depressão na população em geral,
entretanto, nenhum estudo avaliou o quanto a aptidão cardiorrespiratória e a força muscular
podem ser fatores protetores para a depressão em crianças e adolescentes. Objetivo: Avaliar a
associação entre capacidade cardiorrespiratória, força muscular e saúde mental de crianças e
adolescentes. Métodos: Trata-se de um estudo transversal. Foram entrevistadas 545 crianças
(52,5% meninas) com idade entre 11 a 14 anos matriculados na rede pública de ensino da cidade
de Canoas em relação ao nível de AF e presença de diagnósticos psiquiátricos. Foram utilizados
testes físicos de capacidade aeróbica e de força de membros inferiores, questionários sobre
saúde mental (SDQ) e sintomas depressivos (PHQ-A). Resultados: A capacidade
cardiorrespiratória estava inversamente associada com sintomas depressivos nas análises não
ajustada e ajustada por sexo e idade (B=-0.272, 95% IC -0,382 até -0,153, p<0.001/ B=-0.152,
95% IC -0.277 até -0.028, p=0.017) e na análise ajustada por idade, sexo, estado maturacional,
consumo de bebidas alcoólicas e fumo (B=-0.157, 95% IC -0.282 até -0.031, p=0.014). A
capacidade cardiorrespiratória estava inversamente associada com o domínio de dificuldades
emocionais do SDQ (B=-0.106, 95% IC -0.166 até -0.046, p=0.001/B=-0.161, 95% IC -0.231
até -0.092, p<0.001). A força muscular, medida através da altura do salto, estava inversamente
associado com sintomas depressivos nos modelos não ajustados (B=-0.061, 95% IC -0.101 até
-0.021, p=0.003), na análise ajustada por sexo e idade (B=-0.072, 95% IC -0.116 até -0.027,
p=0.002) e na análise ajustada por idade, sexo, estado maturacional, consumo de bebidas
alcoólicas e fumo (B=-0.069, 95% IC -0.114 até -0.025, p=0.002). Conclusão: Há uma
associação entre a capacidade cardiorespiratória e sintomas depressivos, destacando domínios
emocionais do questionário SDQ. Estudos longitudinais são necessários para estabelecer
causalidade.