Abstract:
A Base Aérea de Canoas, RS, é uma das últimas e maiores áreas verdes
remanescentes em um município intensamente urbanizado da Região
Metropolitana. Trabalhos que avaliem a biota em áreas verdes urbanas são
importantes para a sua conservação em longo prazo, assim como dos habitats
remanescentes. Teve-se, como objetivo, conhecer a riqueza, composição e
frequência de espécies da mastofauna de médio e grande porte, e de epífitas
na Base Aérea de Canoas (BACO), com vistas a avaliar a relevância de seus
remanescentes naturais para o município. O levantamento de mastofauna foi
realizado de junho a novembro de 2020, por meio de armadilhas fotográficas,
totalizando cinco meses de amostragem, enquanto o levantamento de epífitas
deu-se por método assistemático, ou seja, caminhadas aleatórias para escolha
dos forófitos. O esforço amostral correspondeu a 720 armadilhas-dia e 120
forófitos. Onze espécies de mamíferos, referentes a oito famílias e quatro
ordens, bem como 12 espécies de epífitas, distribuídas em quatro famílias e
quatro ordens, foram registradas. Destas, duas são espécies de mamíferos
domésticos, três estão ameaçadas de extinção regionalmente (Leopardus
guttulus, Nasua nasua e Clattleya intermedia) e uma está quase ameaçada
(Lontra longicaudis). A curva de suficiência amostral indicou que o esforço foi
insuficiente e as riquezas observadas para ambos os grupos ficaram abaixo da
esperada. Entretanto, a ocorrência de espécies incomuns e ameaçadas, e mais
seletivas quanto ao habitat demonstra a importância da área para a
conservação da biodiversidade em zona urbana. Apesar dos sinais de alteração
decorrentes das ações antrópicas ao longo do tempo, a Base Aérea é uma das
últimas manchas verdes de maiores dimensões do município, que ainda conserva
características do mosaico original de hábitats encontrados em Canoas, RS,
compreende cursos d’água de destaque na bacia do rio dos Sinos e está
protegida por meio de restrição de acesso, visto que se trata de área militar.