Abstract:
A população mundial de idosos está crescendo consideravelmente e o
processo de envelhecimento possui complexidade multifatorial. Trata-se de um
período em que ocorrem alterações significativas no âmbito físico, cognitivo e
mental. Por este motivo existe a necessidade de estudos que abarquem os diversos
fatores favoráveis ao envelhecimento saudável, possibilitando desenvolver
autonomia, independência e relacionamentos satisfatórios. No Brasil, em 2060,
teremos 25% da população com mais de 60 anos. Diante desse contexto, essa
dissertação teve por objetivo investigar a inteligência emocional e sua relação com a
satisfação com a vida de idosos A pesquisa buscou responder o seguinte problema:
A inteligência emocional se relaciona com a satisfação com a vida de idosos ativos?
Realizamos um estudo transversal em idosos participantes dos grupos de
convivência do SESC-RS. Para a realização da revisão bibliográfica foram utilizadas
as bases SCIELO e PUBMED. Para a coleta de dados utilizamos a amostra de 910
idosos que frequentavam os grupos de Maturidade Ativa do SESC/RS. Foram
utilizados a Escala de Inteligência Emocional de Wong e Law (WLEIS), a Escala de
Satisfação com a Vida e o Questionário de Saúde Geral (QSG 12), e um
questionário para levantamento dos dados sócio demográficos. Devido à pandemia
de Covid 19, os dados foram coletados no formato online, via Google Forms. Foi
realizada uma capacitação para os facilitadores dos grupos com o objetivo de
orientação sobre o questionário. Para análise dos dados descrevemos as variáveis
quantitativas por média e desvio padrão e as categóricas por frequências absolutas
e relativas. Para comparar médias, usamos testes T-student ou Análise de
Variância. Para avaliar a associação entre as escalas usamos o teste de Pearson.
Foi realizada regressão linear multivariada para verificar a associação entre
inteligência emocional, escolaridade, atividade física, idade e sexo e o nível de
significância foi estabelecido em p<0,05 para todas as análises. A média de idade foi
de 69,5 ±6,0 anos e a maioria dos participantes era do sexo feminino (95,5%). Dos
participantes incluídos, 81,2% praticavam atividade física. Nossa hipótese inicial, de
que a inteligência emocional está relacionada com a satisfação com a vida dos
idosos, não foi confirmada. Por outro lado, encontramos uma associação entre
atividade física, idade e escolaridade com o nível da Inteligência Emocional dos
idosos. Os praticantes de atividade física apresentaram maior nível de Inteligência
Emocional (62,9 ± 9,4 vs 59,9 ± 11,0; p=0,001). A prática de atividades físicas leva a
um aumento de 2,69 (p = 0,001) pontos de inteligência emocional. Além disso, os
indivíduos com maiores níveis de escolaridade apresentam maiores escores de
inteligência emocional, assim como a frequência da atividade física. Portanto, a
prática de atividade física parece estar associada à inteligência emocional. O
produto técnico do mestrado foi uma palestra presencial para os idosos do SESC
Gravataí que possibilitou uma reflexão acerca dos conteúdos emocionais que
influenciam a vida cotidiana, bem estar e relacionamentos interpessoais. Foram
apresentados os conteúdos que compõe as dimensões da inteligência emocional de
forma que os idosos pudessem compreender como esses conceitos teóricos podem
ser aplicados na prática.