Abstract:
Introdução: A COVID-19 é uma síndrome respiratória aguda causada pelo vírus
SARS-CoV-2. Os casos de gravidade leves ou moderados são tratados com
quarentena para conter a disseminação, na sua maioria, sem hospitalização. Os casos
graves podem levar à insuficiência respiratória e exigem cuidados intensivos. Estudos
recentes revelam que a evolução clínica deste público tem apresentado alterações de
ordem psicológica, neurológica e cognitiva após a infecção. Objetivo: Analisar as
funções cognitivas, os níveis de depressão e de estresse pós-traumático entre adultos
diagnosticados com SARS-CoV-2, que tiveram sintomas leves ou moderados e que
não foram hospitalizados, comparados com adultos que não tiveram histórico
conhecido da infecção. Métodos: Estudo de caso-controle, realizado a partir da
amostra de 90 adultos (45 casos e 45 controles). As alterações cognitivas foram
analisadas através da Avaliação Cognitiva de Montreal, MoCA-T, os sintomas
depressivos a partir do Inventário de Depressão de Beck (BDI) e os níveis de estresse
pós-traumático através da Escala de Impacto do Evento (IES-R). Resultados: Em
relação aos níveis de comprometimento cognitivo, foi verificada uma diferença
significativa na frequência entre os grupos, sendo que o grupo COVID-19 apresentou
um desempenho cognitivo superior ao grupo controle, o qual também apresentou
maior frequência de depressão leve em comparação ao grupo COVID-19. Sobre o
estresse, todos os participantes apresentaram sintomas agudo, crônico e tardio, sendo
o grupo COVID-19 com os níveis mais altos de estresse pós-traumático. Os grupos
apresentaram o mesmo perfil de base, diferenciando-se somente quanto às perdas de
familiares, com maior frequência no grupo COVID-19. Uma das hipóteses sobre este
resultado é o fato de que o grupo controle era composto por uma faixa etária menor.
Foi observado ainda um aumento do consumo de cigarros e álcool nos dois grupos
durante a pandemia. Conclusão: Os achados sugerem que o desempenho cognitivo
poderia estar relacionado ao estado de humor, ao estresse e aos aspectos
psicológicos, como o luto, o isolamento e o adoecimento, fatores que marcaram a vida
da população na pandemia.