Abstract:
Este estudo analisou a regeneração natural da vegetação de uma área de passivo ambiental
por atividade de mineração de rocha granítica, localizada no município de Viamão/RS.
Foram selecionadas duas áreas com passivos ambientais distintos para a avaliação da
regeneração natural: área minerada, que, pela extração da rocha, encontra-se sobre o
substrato rochoso, e área de rejeitos, que foi local de depósito de descartes. Foram
realizadas 15 parcelas (1m x 1m) para o conhecimento da vegetação da área minerada
úmida e seca. Na área de rejeitos foram realizadas cinco parcelas (5m x 5m) para
vegetação com porte superior a 1,00 metro de altura, e dez parcelas (1m x 1m) para o
reconhecimento do estrato herbáceo. Também foi realizada a caracterização florística do
local de entorno. Para o conhecimento do solo do local, foram efetuadas cinco amostras de
solo para análise de textura e das concentrações de macro e micronutrientes. A composição
florística do local apontou uma riqueza de 274 espécies pertencentes a 75 famílias. As
famílias mais representativas quanto ao número de espécies foram: Asteraceae, Poaceae,
Rubiaceae, Cyperaceae e Myrtaceae. Através dos parâmetros coletados, foi realizada a
fitossociologia das parcelas amostradas. Na área minerada evidenciou-se grande
predomínio de ervas, podendo-se classificar o local como estando em estágio pioneiro de
regeneração. O estrato herbáceo da área de rejeitos apresentou predominância de ervas e
arvoretas. Atribuiu-se o estágio arbustivo de sucessão, também denominado de capoeirinha.
No estrato superior da área de rejeitos evidenciou-se a substituição dos vassourais por
arvoretas, principalmente do gênero Myrsine, conferiu-se, portanto, estágio de arvoretas,
também conhecido por capoeira. As análises de solo na área minerada e de rejeitos
revelaram diferenças em relação ao padrão natural do local, principalmente quanto à
granulometria. Com relação aos parâmetros químicos, os resultados são muito semelhantes
entre as áreas de passivo e do padrão local, entretanto, os valores de matéria orgânica são
mais baixos nas áreas impactadas. Ambas as áreas de passivo apresentam o mesmo tempo
de regeneração, cerca de dez anos, porém, a área de rejeitos apresentou maior evolução
quanto ao seu estágio sucessional de vegetação, enquanto que a área minerada
apresentou, no mesmo período, fisionomia e elementos biológicos relativos ao estágio
inicial. Concluiu-se, portanto, que a área de rejeitos apresentou evolução mais pronunciada,
pois foi formada pelo solo fértil descartado da área minerada, traduzido nos mais altos
valores de profundidade do solo, matéria orgânica e argila, além de material vegetativo
(sementes, caules, frutos, etc.), que deram origem à brotação de novos indivíduos. Medidas
simples podem ser adotadas para acelerar a regeneração das áreas, como: retenção de
solo, transposição de solo vegetal, semeadura, poleiros artifíciais, transposição de galharias,
plantio de mudas em ilhas de elevada diversidade. Tais medidas podem ser implementadas
no local para que haja uma aceleração da regeneração na área minerada.