O tema do presente estudo, baseado na Teoria da Autodeterminação (DECI E
RYAN, 2000), é a motivação para a prática de atividades físicas em estudantes
adolescentes de 12 a 15 anos classificados com diferentes classificações
nutricionais (Eutrofia, Sobrepeso e Obesidade). Considerando os altos níveis de
inatividade física e de excesso de peso encontrados entre adolescentes e o quão
prejudiciais são estas condições para a saúde, é importante conhecer o nível de
motivação intrínseca para a prática de atividades físicas em adolescentes eutróficos,
com sobrepeso e obesos. Para tanto, o objetivo geral da pesquisa foi analisar o nível
de Motivação Intrínseca para prática de atividade física em estudantes adolescentes
de 12 a 15 anos em sua relação com o Índice de Massa Corporal (IMC).
Especificamente, foram descritas as variáveis IMC, Sexo e Prática de Atividade
Física fora do contexto escolar e a Motivação Intrínseca foi descrita de acordo com
estas variáveis. Após, estas relações foram testadas para verificar se houveram
diferenças estatisticamente significativas nas relações. Para medir a Motivação
Intrínseca, foi aplicado o Inventário de Autodeterminação de Praticantes de
Atividades Físicas e Esportivas – (BALBINOTTI, 2008). O instrumento, com 44 itens,
respostas em escala tipo Likert graduada em 5 pontos, partindo de “(1) Discordo
Fortemente” a (2) “Concordo Fortemente”. Também foi aplicado o Questionário de
Identificação das Variáveis de Controle (QIVC) e as medidas corporais de Peso e
Estatura para o cálculo do IMC. A pesquisa foi aplicada em 267 escolares (116
meninos e 151 meninas) entre 12 e 15 anos, estudantes do ensino fundamental de
escolas de Canoas e Sapucaia (cidades da região metropolitana de Porto
Alegre/RS). Com relação às variáveis de controle, a prevalência de Sobrepeso na
amostra foi de 19,9% e a de Obesidade 11,2%. A inatividade física fora da escola é
de 32,2% (21,6% eutróficos, 8,2% sobrepeso e 2,2% obesos) da amostra total, não
havendo diferenças entre os grupos quanto à prática de atividade física. Entre os
sexos, porém, há diferença quanto a esta prática (meninos 18,1% de inativos, e
meninas 43% de inativas). Quanto a Motivação Intrínseca, o grupo Eutrófico ( χ
=94,36) apresenta maior nível de motivação, seguido dos grupos Obeso ( χ =92,03)
e Sobrepeso ( χ =87,72). Quanto à relação da motivação com o Sexo, o Sexo
Masculino ( χ = 97,41) é significativamente mais motivado que o Sexo Feminino ( χ =
89,23). Entre os praticantes e não praticantes a diferença também é significativa,
sendo os Praticantes ( χ = 97,06) mais intrinsecamente motivados que os Não
Praticantes ( χ = 83,79). Os resultados, em geral, corroboram o que indica a
literatura recente na área, com exceção da alta Motivação Intrínseca do Grupo
Obeso, e da ausência de diferença quanto a prática de atividade física fora da
escola entre os 3 grupos de classificação nutricional.
The theme of the present study, based on Self Determination Theory (DECI, RYAN,
2000), is the motivation for practice of regular physical activities (RPA) in adolescents
aged 12 to 15 years classified in different Body Mass Index (BMI) levels (normal
weight, overweight and obesity). Considering the high levels of physical inactivity and
excess weight found in adolescents and how dangerous they are to health, is
important to know the level of Intrinsic Motivation (IM) for physical activities among
these individuals. The goal of this study was to analyze the level of Intrinsic
Motivation for the practice of RPA in adolescent students and its relation to their BMI.
More specifically, describe BMI, sex, and RPA practices outside the school
environment. IM was described according to these variables and the relations
between IM and these variables were tested whit SPSS 20.0. To measure IM we
used the Inventário de Autodeterminação de Praticantes de Atividades Físicas e
Esportivas – (BALBINOTTI, 2008), BMI measures and a questionnaire for the control
variables. The study was applied in 267 students (116 boys and 151 girls) aged
between 12 and 15 years, studying in middle schools in the cities of Canoas and
Sapucaia/RS. Result showed the prevalence of excess weight to be high (19,9%
overweight and 11,2% obesity). For both sexes, the distribution of BMI was similar.
The prevalence of physical inactivity outside school is of 32,2% in the total sample.
There are no differences in this variable when comparing BMI groups, but when
comparing sexes, girls where significantly more inactive then boys. The levels of IM
where higher in the normal weight group (
χ
=94,36), followed by the obese (
χ
=92,03) and overweight groups (
χ
=87,72), and the statistical difference was found
only between normal weight and overweight groups. Boys (
χ
=97,41) where more
intrinsically motivated than girls. Adolescents who practiced physical activities (
χ
=97,06) regularly in leisure time where more intrinsically motivated then those who
didn’t (
χ
=83,79). The results corroborate recent studies in the field, with the
exception of the high Intrinsic Motivation found in the obese group, and the similarity
in RPA practice outside school between the BMI groups. These findings are relevant,
especially for Physical Educators working among adolescents.