Dentro do âmbito da grave problemática relacionada à violência contra a
mulher temos um fenômeno relativamente persistente no que se refere ao retorno de
um grande percentual de mulheres ao seu agressor. Nesse sentido, o objetivo
principal da pesquisa foi avaliar a diferença comportamental entre mulheres vítimas
de violência doméstica no aspecto de manter ou não ao vínculo com parceiros
agressores com vistas a aprimorar os mecanismos de apoio à essas mulheres. A
pesquisa foi realizada no município da Região Metropolitana de Porto Alegre,
Canoas/RS, com 152 mulheres vítimas de violência, através da coleta de dados pela
escala ASR (Adult Self Report) que avalia: síndromes, o funcionamento adaptativo, o
uso de substâncias, graves psicopatologias orientadas pelo Manual diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais (DSM). As mulheres também responderam ao
questionário sócio demográfico, elaborado para objetivo da pesquisa. Este estudo
revelou um retorno de 40% das mulheres aos seus agressores. Não encontramos
associação com pontuação global da ASR e nem com as 4 subescalas. Obtivemos
associação apenas em 10 dos 19 itens, como: Bom relacionamento com a família de
origem (RR 1,76); Média Adaptativa – Capacidades de Adaptação (RR 2,17);
Habilidades Pessoais – Adaptação (RR 1,75); Ansiedade/Depressão (RR 1,49);
Comportamento Agressivo (RR 1,61); Problemas Internalizantes (RR 1,67);
Depressão (RR 1,47); Personalidade Evitativa (RR 1,56); Personalidade Anti Social
(RR 1,74). Em relação ao questionário sócio demográfico, vimos que os maiores
fatores de proteção para não reconciliação da relação com o agressor entre os
grupos foi: ter registro de ocorrência e trabalho formal com carteira assinada e
fomento através de bolsa governamental. Nossos dados sugerem que em grande
medida, as mulheres de nossa amostra não possuem características
psicopatológicas graves que possam ser consideradas fatores determinantes para
manter a relação com o parceiro agressor. Apenas os relacionados a caráter ou
percepção das suas habilidades adaptativas. Nesse aspecto, ressalta-se
fundamental o apoio ambiental, familiar, jurídico, policial e social para que essas
mulheres consigam romper o ciclo da violência no seu relacionamento conjugal e
buscar novos objetivos de vida com autonomia e segurança no desenvolvimento de
suas potencialidades.
The relevant problem related to violence against women we have a relatively persistent phenomenon regarding the return of a large percentage of women to their aggressor. This study proposes to evaluate the behavioral difference between women victims of domestic violence in the facet of maintaining or not the relationship with aggressive partners . The survey was conducted in the city of Porto Alegre Metropolitan Region, Canoas / RS, with 152 women victims of violence through the collection of data by the ASR (Adult Self Report) scale that evaluates: syndromes, adaptive functioning, substance use , Severe psychopathologies guided by the Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM). The women also answered the socio-demographic questionnaire, prepared for the research. This study showed 40% return of women to their abusers. We did not observe association with ASR global score nor with the 4 subscales. We found association only in 10 of the 19 items analyzed, such as: Good relationship with the family of origin (RR 1.76); Adaptive Medium - Adaptation Capabilities (RR 2.17); Personal Skills - Adaptation (RR 1.75); Anxiety / Depression (RR 1.49); Aggressive Behavior (RR 1.61); Internalizing Problems (RR 1.67); Depression (RR 1.47); Avoidant Personality Disorder (RR 1.56); Antisocial Personality (RR 1.74). In relation to the sociodemographic questionnaire, the results showed protection factors for nonreconciliation of the relationship with the aggressor between the groups were: having a formal and formal work with a formal contract and fomenting through a government grant. Our data suggest that to a large extent, the women in our sample do not have severe psychopathological characteristics that may be considered as determining factors for maintaining the relationship with the aggressor partner. Only those related to character or perception of their adaptive abilities. Environmental, family, legal, police and social support is essential for these women to break the cycle of violence in their marital relationship and to seek new life goals with autonomy and security in the development of their potentialities.