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Atualmente, as cinzas pesadas residuais de carvão queimado em termelétricas brasileiras, são
depositadas em bacias de sedimentação e aterros de resíduos sólidos industriais, com raras
situações de aproveitamento. Caso a sua disposição final não contemple um tratamento
adequado para evitar a percolação de água, as cinzas pesadas podem causar significativo
impacto ambiental no solo, nas águas subterrâneas e nas águas superficiais, devido à
lixiviação e solubilização de elementos tóxicos, presentes em sua composição química. Por
outro lado, é impossível eliminar a geração de cinzas pesadas, tendo em vista a crescente
demanda energética brasileira, que somente é atendida devido a matriz de energia térmica
instalada no País. Por sua vez, a infraestrutura rodoviária brasileira não atende adequadamente
as demandas de logística para o escoamento da produção gerada em seu território. Com o
aproveitamento das cinzas pesadas em camadas de pavimentos rodoviários, serão reduzidos
os impactos ambientais e os custos operacionais, tanto para a produção de energia térmica,
quanto para a ampliação da malha rodoviária brasileira. Mediante os resultados das
referências bibliográficas pesquisadas, foram rearranjadas ideias e produzida uma proposta de
análise para viabilizar o aproveitamento das cinzas pesadas para a construção de bases e subbases
de pavimentos rodoviários, respeitando os aspectos técnicos, econômicos e ambientais.
Tendo em vista o déficit de comportamento mecânico da cinza pesada para a sua aplicação
direta e a necessidade ambiental de inertização do resíduo, o comportamento da cinza pesada
foi avaliado com a adição do Cimento Portland CP II-Z nas proporções de 2%, 4%, 6% e 8%,
sendo que todas estas proporções de cimento com a combinação de proporções de 0%, 3%,
5% e 10% de cinza leve. A avaliação das misturas, compostas pelas diversas combinações e
proporções dos materiais, permitiu determinar as proporções ótimas que convergem para a
mistura considerada ideal. A mistura ideal foi definida com base nos resultados de resistência
à compressão simples, aliado ao custo dos estabilizantes químicos empregados, obtendo-se,
desta forma, a mistura com melhor relação benefício-custo. Posteriormente, adotando uma
postura conservadora e considerando as implicações ambientais do aproveitamento das cinzas
pesadas, foi verificada e constatada a viabilidade ambiental através de ensaios de lixiviação e
solubilização para a primeira composição de mistura que resultou numa resistência à
compressão superior a 2,1 MPa aos 7 dias de cura. Finalmente, verificou-se a viabilidade
econômica, cotejando o custo entre as bases e sub-bases tradicionais geralmente empregadas
no Brasil, e a solução de base e sub-base formada pela mistura ideal de cinza pesada, cinza
leve e cimento. As principais variáveis consideradas no custo das soluções pesquisadas foram a Distância Média de Transporte (DMT) referente à aquisição do insumo principal da sua
respectiva fonte de material até o local de usinagem da mistura, e a DMT do local da mistura
até o ponto de aplicação na pista. Considerando o estudo de viabilidade técnica, econômica e
ambiental desenvolvido, constatou-se que a mistura ideal formada pela proporção de materiais
referentes à mistura 15, a qual é composta por 87% de cinza pesada, 5% de cinza leve e 8% de
cimento, oferece viabilidade econômica para uma DMT entre 250 e 300 km do local de
obtenção da cinza pesada e leve até o local onde será usinada a mistura, quando cotejada por
exemplo, com a solução de areia comercial, cinza leve e cimento nas mesmas proporções de
materiais, todavia adquirindo a areia comercial a uma DMT máxima de 10 km. |
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