Uma experiência de educação especial na educação infantil: reflexão crítica sobre uma prática

Abstract

O presente trabalho constitui-se de um relato de uma experiência, pelo viés dos Estudos Culturais, de um projeto de educação especial em educação inclusiva ocorrido entre os anos de 2000 e 2002 nas Escolas Municipais de Educação Infantil do município de Canoas/RS. Dentro de uma abordagem do tipo etnográfico, ao reconstruir e interpretar os fatos ocorridos, faço uma reflexão crítica sobre minha prática inclusiva, dialogando sobre a experiência de si, o valor e o saber de experiência. Conforme Jorge Larrosa, ao narrar-me, experiencio uma experiência, o que para Marie-Cristine Josso é também formação, dentro de um processo interativo e intersubjetivo. É viver a experiência da experiência; é viver minha própria transformação. Escrever sobre esta experiência, fazendo uma reflexão crítica sobre ela, é para Michel Foucault um desvelar-se subjetivamente, despir-se, deixar que o outro o leia. Uma experiência vivida no coletivo, ao ser escrita, resgata o passado no presente e projeta esse presente no futuro. Contextualizo a educação especial na educação inclusiva, enfatizando conceitos como diferença, identidade, os quais, dentro da cultura, atravessados pelo olhar foucaultiano, passam a ter outros significados. A construção subjetiva do sujeito se revela através de discursos e práticas disciplinares impregnados por relações de poder (exclusão/inclusão), realizadas nas instituições como a escola e a família. Partindo do pressuposto de que a escola inclusiva é aquela que acolhe a todos os alunos, com ou sem NEEs, que vê e aceita o outro pelo que ele é, sem discriminá-lo, realizamos uma experiência na educação infantil, desde o berçário, através de ações psicopedagógicas e de estimulação. Ao relatar uma experiência e refletir de forma crítica sobre minha prática, vivenciei a minha própria experiência em construção, formação e transformação.

This study represents a report of an experience, through the perspective of Cultural Studies, a project of special education in inclusive education, which occurred in the years 2000 to 2002, in the Public Municipal Nursery Schools of Canoas/RS. Within an ethnographic approach, reconstructing and interpreting the facts, I make a critical reflection on my practical experience with the inclusion of children with special needs at the regular schools, dialoguing about my own experience, the value and knowledge of experience. As per Jorge Larrosa, in narrating myself, I experience an experience, what for Marie-Christine Josso is also a training within an interactive and intersubjective process. It is living the experience of experience. It is to live my own transformation. Writing about this experience, making a critical reflection on it, is for Michel Foucault to unveil oneself subjectively, to undress, let the other read it. An experience lived in the collective, whilst being written, rescues the past into the present and projects the present into the future. I contextualize special education in inclusive education, emphasizing concepts such as difference, identity that, within culture, and going through a Foucaultian perspective, now have other meanings. The subjective construction of the subject reveals itself through discourses and disciplinary practices, imbued by power relations (inclusion/exclusion), held in institutions such as schools and families. Assuming that the inclusive school is one that welcomes all students, with or without Special Educational Needs, who sees and accepts the others for what they are, without discriminating them, we conduct an experiment in early childhood education, since nursery, through psychoeducational practices and stimulation. When reporting an experience and reflecting critically on my practice, I experienced my own experience in construction, formation and transformation.