Abstract:
Este é um trabalho de História Oral com pescadores artesanais da Praia do Paquetá
(Canoas), da Ilha da Pintada (Porto Alegre) e de Capão da Canoa, no Litoral Norte do
Rio Grande do Sul. A pesquisa, inserida no campo de estudos em memória social é
uma continuação do trabalho desenvolvido no Mestrado Profissional em Memória
Social e Bens Culturais da Unilasalle, na Linha de Pesquisa Memória, Cultura e
Identidade. Levou em consideração, pontos sensíveis do cotidiano desses
trabalhadores, em termos do seu perfil, suas percepções sobre políticas públicas para
a pesca, sua relação com as autoridades instituídas e com entidades que os
representam. A tese partiu do pressuposto de que os pescadores artesanais não
percebem sua representatividade efetiva na elaboração das políticas públicas para a
pesca. A investigação contou com a contribuição de estudos desenvolvidos no Brasil
e no Rio Grande do Sul, junto a pescadores artesanais, os quais levam em
consideração a construção de suas memórias sobre a pesca e seus modos de vida.
Teoricamente, apoiou-se em concepções que compreendem memória como
construção processual, a partir de demandas do presente, perpassada por
lembranças, esquecimentos, negociações e representações. Metodologicamente, foi
escolhida uma linha de História Oral que trabalha com um processo transcriativo o
qual se fundamenta no conceito/procedimento chamado de cápsula narrativa. Foram
realizadas sete cápsulas narrativas com quatro pescadores e três pescadoras
artesanais entre 2013 e 2019. Neste processo, os narradores têm a escolha de por
onde iniciar a sua fala e qual será o seu eixo narrativo. A leitura das narrativas deu-se
por meio de uma abordagem que buscou sentidos e significados, construção
identitárias e pelas experiências dos pescadores. Essas evidenciaram pontos em
comum em percepções sobre políticas públicas e gestão dos territórios para a pesca
artesanal, o sentido que os pescadores dão para suas entidades representativas, os
laços entre eles e o ambiente em que vivem ao descreverem suas vidas nas beiras
dos rios e lagoas, espaços esses que foram identificados em suas memórias. Suas
falas reforçam a falta de suporte governamental, mas, mesmo em frente às
dificuldades, existe uma persistência em se manterem na pesca artesanal.