Abstract:
Esta é uma pesquisa que se insere no campo de estudos em memória social, tendo
como objeto, a Festa de São Cristóvão realizada no Bairro Igara, Canoas, RS, desde
1957. A problemática foi construída em torno dos sentidos e significados, os saberes
e fazeres da celebração, a consideração desta como vetor de enraizamento, de
coesão comunitária, pertencimento identitário e bem cultural imaterial da comunidade
a ela relacionada, cujos membros pioneiros eram migrantes das regiões coloniais
italianas do Rio Grande do Sul. Seu objetivo geral é compreender a festa de São
Cristóvão a partir das narrativas de moradores do Bairro, especificamente aqueles que
fazem parte da comunidade do Santuário que tem São Cristóvão como patrono.
Teoricamente, trabalhou-se com categorias como memória coletiva, comunidade
afetiva, quadros sociais da memória, memória reivindicada, identidades narrativas,
enraizamento e bem cultural para compreender a Festa, seus elementos, rituais e
demais manifestações. Metodologicamente, trabalhou-se a partir da História Oral,
acionando narrativas de membros da comunidade do Santuário de São Cristóvão,
adotando, ainda, procedimentos como o da observação não participante, durante as
edições da Festa, nos anos de 2018, 2019 e 2020, e oda pesquisa documental, os
quais foram relevantes para responder aos questionamentos e objetivos propostos. O
corpus documental foi composto por fontes orais, matérias jornalísticas, documentos
imagéticos e escritos, os quais foram analisados a partir de interpretação e
problematização por meio das categorias elencadas. Identificaram-se construções
memoriais fortes, com indícios de processos de enraizamento, coesão comunitária,
pertencimento identitário, tendo a Festa como ancoragem e como bem cultural.