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Essa tese consiste em um estudo sobre a identificação de rastros memoriais da
formação de imaginário turístico de que Florianópolis é uma cidade de cultura de base
açoriana, tendo como sujeitos da pesquisa, as rendeiras praticantes da renda de bilro.
Constatei que o artesanato ajuda a formar o imaginário turístico de Florianópolis como
uma cidade de cultura de base Açoriana. Do ponto de vista da perspectiva teórica,
abordei o campo da Memória Social, da Cultura e do Patrimônio, a fim de buscar os
rastros memoriais da contribuição da Renda de Bilro, um ofício que ingressou na
cidade junto com as mulheres imigrantes vindas dos Açores. Este estudo consiste em
uma pesquisa qualitativa, de caráter exploratório e descritivo, tendo como
procedimentos metodológicos, a pesquisa documental e a pesquisa de campo. A
coleta de dados iniciou nos documentos da Prefeitura Municipal de Florianópolis, com
ênfase na Secretaria da Cultura, na Secretaria de Turismo e na Fundação Cultural de
Florianópolis Franklin Cascaes (FCFFC), com foco em evidenciar a estrutura formal
do Turismo de Florianópolis e nas leis municipais que mencionam a Renda de Bilro.
Como instrumento de coleta em campo, foi utilizada a observação e as entrevistas
não estruturadas. A análise dos dados coletados nas visitas às Associações de
Rendeiras em atividade, um contexto social que envolve o trabalho feminino, a
cooperação e as memórias trançadas de geração em geração. A colonização de
Florianópolis tem origem na Ilhas do Arquipélago dos Açores, ilhas que teriam sido
descobertas pelos portugueses, em 1427 e povoadas por originários das províncias
meridionais de Portugal, seguidos por flamengos, os quais, não há registro, mas
indícios de que foram os responsáveis por fazer com que a renda de bilro chegasse
aos Açores. A presença açoriana na região de Florianópolis, devido às distâncias
entre as comunidades, fez com que os hábitos e costumes trazidos, ficassem
mantidos, justificando a preferência por determinados pontos de renda diferentes
entre os bairros da ilha. As encantadoras mãos das rendeiras, que de canto em canto,
cantarolando a cantiga ratoeira, vão tecendo um contexto social coletivo de que a
renda de bilro é uma prática identitária das mulheres, também vão traçando a
atualização de memórias e ressignificando o valor de suas tradições. Em
Florianópolis, o presente tenta manter as lembranças de um passado açoriano do
município, rememorando casos de sucesso dos casais que para cá vieram, assim
como o esquecimento parece não lembrar do extermínio dos carijós que viviam aqui
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há duzentos anos antes dos colonizadores açorianos. A renda de bilro, patrimônio
cultural imaterial, transmitido de geração em geração, é exemplo de uma das
preocupações propriamente humanas, a de fazer memória e em Florianópolis, essa
memória compõe o imaginário turístico de que Florianópolis é uma Capital que têm,
além de suas lindas praias, grandiosos jardins e renomada gastronomia, onde o
visitante pode experimentar uma reprodução imaginária de estar em Portugal. |
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