Abstract:
Essa pesquisa aborda as memórias de gestão dos eventos culturais do Auditório Araújo
Vianna. O Auditório foi tombado em 1997 como patrimônio cultural. Inaugurado em
1927 na Praça da Matriz no centro de Porto Alegre, o Auditório foi palco da banda
municipal e outros eventos culturais fazendo parte da efervescência cultural que surgiu
na cidade nas décadas de 30 a 50. Após decisões administrativas, o Auditório Araújo
Vianna precisou trocar de endereço e em 1964 é reinaugurado no Parque Farroupilha, no
bairro Bom Fim. Assim desde 1927 até os anos de 2005 o Auditório vivenciou períodos
histórico, políticos e culturais diferentes ao longo destes 78 anos de vida. A linha de corte
até os anos de 2005 se deu porque até este período o Auditório foi gerido exclusivamente
pelo poder público. O objetivo geral deste estudo é analisar as narrativas de memórias
produzidas através de entrevista com gestores culturais que foram responsáveis pela
gestão dos eventos do Auditório Araújo Vianna nas décadas de 80, 90 e 2000. O problema
de pesquisa foi verificar como se deu a gestão dos eventos culturais realizados pelo
Auditório Araújo Vianna nas décadas de 1980, 1990 e início dos anos 2000. Este estudo
se justifica pois não foram encontradas pesquisas que abordem a relação entre memória
social e gestão de eventos culturais realizados pela gestão pública em equipamentos
culturais em Porto Alegre. A tese também pretende contribuir na medida em que
apresenta o surgimento dos equipamentos culturais em Porto Alegre em um estudo
dividido por períodos, apresentando o contexto político e histórico de cada época estudada
e como se dava a gestão cultural dos equipamentos em cada período. Os recursos
metodológicos utilizados para escrever a tese foram: pesquisa bibliográfica, pesquisa
documental, busca por imagens, entrevista semiestruturada, metodologia bola de neve e
narrativas de memórias. Através das entrevistas realizadas se percebeu que o poder
simbólico do auditório foi sendo esquecido ao longo do tempo e com isso, o equipamento
foi perdendo sua importância, conforme os gestores relataram na entrevista, onde nas
décadas de 80 e 90 o Auditório aparecia entre os três equipamentos mais relevantes de
Porto Alegre, mas para os gestores dos anos 2000 o Auditório já não é mais citado. A
gestão cultural dos eventos realizados no Auditório Araújo Vianna nas décadas de 80 e
90 ocorreu, principalmente, pela busca dos artistas locais em utilizarem o espaço do
Auditório, onde os gestores realizavam este controle através do livro de agendamento dos
eventos. A partir do final dos anos 90 e início dos anos 2000 a gestão preocupou-se mais
com a autossuficiência financeira do equipamento, onde começa uma busca mais ativa
por eventos com mais representatividade cultural.