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As comunidades quilombolas recorrentemente enfrentam desafios no que se refere à
sua sustentabilidade, a qual está muito vinculada às políticas públicas de
reconhecimento e reparação. Diante disso, o objetivo desta tese é analisar como
ocorre a sustentabilidade na comunidade Quilombola Vó Elvira localizada no
município de Pelotas/RS sob a compreensão da memória social e do
etnodesenvolvimento, estando coerente com a linha de pesquisa Memória, Cultura e
Gestão do Doutorado em Memória Social e Bens Culturais da Universidade La Salle.
A metodologia caracterizou-se como estudo de caso, de natureza aplicada e
descritiva, com abordagem de cunho qualitativo, sendo que foram analisados dados
secundários segundo a análise temática. Os resultados das análises apontaram que
os integrantes da comunidade quilombola Vó Elvira enfrentam diariamente um
racismo pouco sutil em contextos coletivos como universidades, bancos e lojas, sendo
a eles atribuído um espaço intersubjetivo de não merecimento, caracterizado como
um mecanismo de negação da sociedade que se recusa a aceitar o negro como uma
pessoa igual ao branco em termos de comportamento, pensamento e emoção, o que
dificulta a sustentabilidade. A criação e institucionalização do Comitê Gestor
Quilombola de Pelotas foi um dos principais avanços em termos de sustentabilidade
para a Comunidade Remanescente Quilombola (CRQ) Vó Elvira e para os
quilombolas de Pelotas, por meio do qual conseguiram a abertura de poços, facilidade
para a comercialização de produtos agrícolas, direito ao Talão de Produtor Rural entre
outras. Percebe-se que premissas do etnodesenvolvimento norteiam ações do
Comitê, uma vez que leva em consideração a diversidade cultural das comunidades,
seus conhecimentos e linguagens. Portanto, a memória social da sustentabilidade na
CRQ Vó Elvira centra-se nas memórias de engajamento, entendidas como ativos de
mobilização social voltada para os ganhos coletivos dos quilombolas de Pelotas,
concretizadas pela participação política por meio do Comitê Gestor Quilombola de
Pelotas. Evidenciou-se a memória de engajamento como um ativo de mobilização
social, capitaneada pelo Comitê Gestor Quilombola de Pelotas, vem combater um
apagamento epistemológico voltado para os negros quilombolas por meio da memória
social como estratégia que a comunidade se apropria. Portanto, evidenciou-se o
protagonismo como eixo principal da comunidade Quilombola Vó Elvira, no que se
refere à sua sustentabilidade numa perspectiva do etnodesenvolvimento, em que a
memória social cumpre uma função estratégica, vinculada à participação social
dessas comunidades. |
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