Abstract:
Introdução: A identificação dos diferentes tipos de pisadas é fundamental para a prática clínica
e a pesquisa em medicina esportiva, pois possibilita o desenvolvimento de estratégias voltadas
para a prevenção e o gerenciamento de fatores de risco que podem levar a deformações nos
membros inferiores e a alterações na mecânica do quadril, especialmente durante a primeira
infância. Objetivo: Este estudo tem como objetivo identificar a prevalência dos tipos de pisadas
em estudantes do 4º e 5º anos do ensino fundamental, com idades entre 9 e 11 anos, além de
investigar a correlação entre esses tipos de pisadas e a ocorrência de dor no quadril e nos
membros inferiores. Adicionalmente, os dados obtidos foram apresentados em um evento
direcionado a alunos e responsáveis, visando à divulgação e à propagação do conhecimento
técnico-científico. Metodologia: Trata-se de um estudo observacional transversal realizado em
uma escola municipal de Manaus-AM, envolvendo alunos do 4º e 5º anos do ensino
fundamental, de ambos os sexos, com uma amostra total de 143 alunos. Para o levantamento
do perfil da amostra, foram utilizados um questionário com perguntas fechadas, a impressão
plantar por meio do teste do pé pintado, o cálculo do Índice do Arco Plantar e a classificação
de Valenti para os tipos de pisadas. Os dados foram apresentados em forma de média e desvio
padrão ou mediana e percentis, além de frequências. O teste do qui-quadrado foi empregado
para avaliar os tipos de pisada, bem como a associação entre o tipo de pisada e a frequência de
dor. Este estudo foi aprovado sob o nº CAAE 74127623.9.0000.5307. Resultados: A amostra
foi composta por 56,9% de alunos do sexo feminino, dos quais 45,8% apresentaram estado
nutricional eutrófico (normal), 31,4% estavam abaixo do peso, 12,4% tinham sobrepeso e
10,5% estavam obesos. Um dado relevante é que 76,5% dos entrevistados relataram dor ao final
de alguma atividade física, sendo que em 55,6% desses casos a dor foi localizada nos membros
inferiores, afetando pés, tornozelos, pernas e joelhos. A maioria dos participantes apresentou
lateralidade direita. A avaliação dos tipos de pisada, segundo a classificação de Valenti (1979),
foi realizada em ambos os pés. No pé direito, 55,6% apresentaram pisada neutra, seguidos por
35,3% com pisada supinada e apenas 8,5% com pisada pronada. No pé esquerdo, 55,9%
apresentaram pisada neutra, seguidos por 35,9% com pisada supinada e 7,9% com pisada
pronada. Não foram encontradas associações estatisticamente significativas entre o sexo e o
tipo de pisada, ou entre o tipo de pisada e a presença de dor. Conclusão: O presente estudo
contribui significativamente para a compreensão dos padrões de pisada, do estado nutricional e
da experiência de dor em estudantes de 9 a 11 anos. Os resultados revelaram uma prevalência
considerável de dor nos membros inferiores entre os alunos, indicando a necessidade de uma
atenção especial à saúde musculoesquelética nessa faixa etária. Essa dor, que afetou uma grande
parte da amostra, sugere que fatores como a prática de atividades físicas, o tipo de calçado
utilizado e a condição nutricional podem estar interligados e influenciar a mecânica do corpo
durante o desenvolvimento infantil. Os achados deste estudo enfatizam a importância de
abordagens integradas que considerem múltiplos fatores, incluindo aspectos nutricionais,
mecânicos e comportamentais, para promover a saúde musculoesquelética e o bem-estar geral
de crianças e adolescentes. A promoção de intervenções que incentivem a prática de atividades
físicas adequadas, o uso de calçados apropriados e a conscientização sobre a importância do
monitoramento do estado nutricional pode ajudar a prevenir problemas futuros relacionados à
saúde dos pés e da postura.