Abstract:
Uma das maiores problemáticas que afetam os colaboradores das indústrias são os sintomas
osteomusculares relacionados ao trabalho que está sendo efetuado por eles. Estes por sua vez
atingem várias categorias de trabalhadores nos quais se destacam as lesões decorrentes ao
esforço repetitivo (LER), bem como os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho
(DORT). O Atestado de Saúde Ocupacional (ASO) traz consigo a importância de mostrar como
está a saúde do colaborador, o que vem afetando a sua vida e que como consequência atua
dentro do seu desempenho laboral. O presente estudo teve como objetivo analisar a relação
entre a prevalência de atestados médicos relacionados a doenças com CID M e os resultados
dos exames ergonômicos realizados em uma indústria localizada na cidade de Manaus,
Amazonas. Trata-se de um estudo transversal, de abordagem descritiva, que se caracteriza como
exploratória e quantitativa, utilizando como principal fonte de dados os registros do sistema
interno da empresa, que serviu como base para a análise documental realizada. Foi extraído
atestados médicos com CID da categoria M, que envolvem doenças do sistema osteomuscular
e do tecido conjuntivo em seguida, foram estratificados conforme as variáveis de gênero, dias
de afastamento, distribuição dos agravos de saúde segundo os capítulos da CID-M, área
operacional e ano de admissão. Os dados foram processados com o auxílio do programa SPSS
versão 21.0 e apresentados em tabelas, em frequência absolutas (n) e frequência relativa (%).
Os resultados apresentaram um total de 105 casos dos possíveis usuários portadores de sintomas
osteomusculares relacionados ao trabalho. Quanto ao perfil dos trabalhadores notificados, 62%
(n=65) eram do sexo feminino. As ocupações mais acometidas a maioria dos trabalhadores
encontraram-se distribuída entre os setores de Produção e Qualidade, com 67% (n=70) e 13%
(n=14), respectivamente. Com relação a variável de tempo de serviço na empresa, 31% (n=33)
dos colaboradores possuem somente quatro anos de serviços prestados. Quanto ao tempo de
afastamento, houve maior predominância de afastamento por 1 dia (n= 47; 45%). Das
notificações, 76% (n=80) apontaram exposição a movimentos repetitivos em seu local de
trabalho. Os diagnósticos específicos de maior ocorrência ficaram entre M75 - Capsulite
adesiva do ombro/ Ombro congelado/ Periartrite de ombro (n= 11; 10%); M54 - Paniculide
atingindo regiões do pescoço e do dorso (n= 9; 9%); M65.8 - Outras sinovites e tenossinovites
(n= 9; 9%); M75.1- síndrome do manguito rotador, (n= 9; 9%). Com relação à presença de
sintomas, 42% (n=44) dos trabalhadores indicaram lesões na região do tronco e 39% relataram
dor lombar. Em relação a classificação dos riscos associados à organização e ergonomia do
trabalho foi possível Cerca de 30% dos colaboradores dos setores Supermercado e Operações
são reincidentes e retornam com as mesmas queixas em um lapso temporal de um mês. Este
estudo demonstra que, embora os trabalhadores tenham apresentado dias de afastamento por
lesões osteomusculares associadas ao trabalho, o risco ergonômico foi, em sua grande maioria,
baixo. Ainda assim, a presença de queixas osteomusculares relatadas pelos trabalhadores deve
ter sua etiologia investigada para o estabelecimento de medidas de proteção e prevenção, tanto
de agravamento dos quadros quanto de desencadeamento em população susceptível.