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A extração de recursos minerais para exportação acompanha a história do Brasil e da
América Latina. A colonização da Natureza durante os últimos cinco séculos de exploração
demonstra seus impactos socioambientais na chegada do século XXI. O desastre
socioambiental e socioeconômico ocasionado pelas mineradoras Samarco, Vale S.A. e BHP
Billiton em novembro de 2015 na cidade de Mariana/MG evidencia o quadro de crise ambiental
e ecológica causado pelo extrativismo mineral e seus reflexos jurídicos. O presente trabalho
tem como foco central compreender a forma de decisão e os mecanismos de solução de conflitos
oferecidos pelo sistema de justiça brasileiro no contexto do desastre. Para uma abordagem
ampla da temática, priorizando seu caráter interdisciplinar, utilizou-se o método histórico e
monográfico em estudo de caso, juntamente a análise de duas ações civis públicas relativas ao
caso de Mariana. Pretende-se assim, conhecer a formação do contexto de extrativismo mineral,
as estruturas sociais, políticas e jurídicas que o sustentam. Além disso, busca-se compreender
de que forma o poder judiciário enfrenta conflitos que apresentam raízes históricas marcadas
pela colonialidade do poder. A análise das fontes primárias demonstra a preferência pelos
mecanismos de solução alternativa e negociada como a mais adequada para alcançar a resolução
dos conflitos decorrentes do desastre de Mariana. A observação da atuação do sistema de
justiça, no presente caso, coloca em evidência a crise do paradigma monista e a sua insuficiência
para dar respostas adequadas a complexidade do impacto socioambiental. Por fim, ao analisar
o desastre de Mariana pela perspectiva do pluralismo jurídico comunitário participativo,
identificam-se novos sujeitos sociais que compõem a bacia hidrográfica do rio Doce, o
surgimento de um “novo” direito humano à água e a reorganização política do espaço público
dominada pela autoridade coletiva das corporações do setor mineral. |
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