Abstract:
A urbanização das cidades e a industrialização têm provocado mudanças de hábitos e padrões
alimentares nos brasileiros, que consomem cada vez mais produtos processados e
industrializados e menos alimentos saudáveis. O consumo de ácidos graxos trans vem
aumentado no país devido aos avanços tecnológicos das indústrias alimentícias. Atualmente,
a população consome alimentos com excesso de gorduras, sódio e açúcar. Nos últimos anos,
vários estudos apontam a relação positiva entre ácidos graxos trans e desenvolvimento de
doenças cardiovasculares, materno-infantis, inflamatórias e de câncer. A rotulagem é uma
medida que deve auxiliar a população nas escolhas alimentares. Diante dessa problemática,
este estudo teve como objetivo comparar produtos industrializados de marcas distintas,
selecionados aleatoriamente: bolacha salgada, bolacha recheada, sorvete, chocolate, waffer, e
margarina. Quanto ao teor de gordura trans foram utilizados para essa comparação valores
encontrados nos sites das marcas escolhidas e aquisição de produtos selecionados. Alguns
produtos alimentícios informam que o produto não contém gordura trans na porção, mas nem
sempre é consumida a porção informada pelo fabricante, e estes nem sempre definem o tipo
de gordura vegetal utilizada. Isso significa que pode ser gordura trans, mas não temos como
afirmar, pois existem outros tipos de gordura vegetal. Com o auxílio dos rótulos dos produtos
estudados, pode-se verificar que constituíram a principal fonte de gorduras trans os biscoitos
recheados, margarina e waffer, observou-se que 41,6% dos produtos analisados informam que
o produto não contém gordura trans na porção. Identifica-se uma lacuna importante na
legislação brasileira no que diz respeito à rotulagem de alimentos, principalmente sobre a
maneira como são disponibilizadas a informação nutricional e a lista de ingredientes.
Observa-se a necessidade de reformulação da legislação nos referidos aspectos, com a
padronização do termo para se designar a gordura hidrogenada, entre outros termos existentes, não podendo ser utilizada outras nomenclaturas, tal como gordura vegetal, capaz de facilitar
interpretações errôneas e possíveis danos à saúde dos consumidores.