Abstract:
A literatura reconstrói sensibilidades, valores, pensamentos e representações dos integrantes
das sociedades. Tanto o diário quanto a poesia, tal como outros meios de escritas de si, podem
ser problematizados junto à realidade de alunos e alunas para a análise de temas emergentes
sobre história do Brasil Contemporâneo, como gênero e violência, em perspectiva
transdisciplinar. Partindo dessa perspectiva, a presente pesquisa, inserida na linha Memória e
Linguagens Culturais, tem como objetivo principal criar propostas de atividades de ensino
transdisciplinar voltadas às humanidades a partir de Quarto de despejo - diário de uma favelada
(1960), de Carolina Maria de Jesus e Tudo nela brilha e queima (2017), de Ryane Leão. A
metodologia de pesquisa é qualitativa, pois se trata de temas subjetivos pertinentes à realidade
de alunos e alunas da rede pública do município de Novo Hamburgo/RS nas turmas de EJA
(Educação de Jovens e Adultos) a fim de elaborar um produto que solucionasse a seguinte
problemática: “como é possível trabalhar didaticamente obras literárias que relacionam
memória social e escritas de si?”. Apesar de períodos temporais distintos, as escritoras Carolina
Maria de Jesus e Ryane Leão encontraram, através da literatura, o meio de expressar suas
vivências, anseios e cotidiano na sociedade na qual estavam inseridas. Assim, as escritoras
puderam servir de inspiração para os alunos e alunas a fim de que eles pudessem compartilhar
suas vivências e histórias através de fragmentos de textos autobiográficos. A base teórica para
este estudo é constituída principalmente por Gomes (2004) no que se refere à memória e à
biografia, Candau (2019) no que se refere à memória e identidade, Veríssimo (2001), Todorov
(2009) e Rosa (2017) referentes à literatura, Duarte (2019), Curiel (2020), Hirata (2014),
Akotirene (2019), Hooks (2019) no que diz respeito ao feminismo decolonial.