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Esta dissertação versa sobre o funcionamento da sociedade de consumo no sistema
prisional e o modo como as pessoas privadas de liberdade e seus familiares se
organizam dentro do sistema. Se enquadra na linha de pesquisa 1 do Programa de
Pós-graduação em Direito e Sociedade da Universidade La Salle, intitulada
“Efetividade do Direito na Sociedade”, e adequa-se a ela, visto que analisa como as
relações de consumo acontecem na prisão, tendo em vista que a sociedade
contemporânea se caracteriza pelo consumo e que a prisão é uma instituição típica
da sociedade moderna. Logo, verificar o consumo nessa instituição significa
perceber a efetividade do direito na sociedade. Foi possível identificar que detentos
viram produtores e prestadores de serviços, criando sua própria fonte de renda,
afinal, existe um déficit por parte do Estado na prestação de assistência mínima para
a pessoa presa. Celas superlotadas, locais insalubres, ausência de atendimento
médico, problemas com alimentação e itens de higiene, entre outros, são problemas
que incentivam os pesquisadores a escreverem sobre essa temática, com intuito de
dar visibilidade e levar ao conhecimento das autoridades, para cobrar respostas.
Considerando ainda que a sociedade contemporânea caracteriza-se pelo consumo,
resta aos presos receberem apoio de seus familiares. Observa-se que as pessoas
presas podem estar juridicamente excluídas da sociedade, mas permanecem
existindo nela. Mesmo reclusas, necessitam de acesso a itens que tornam seus dias
menos sofridos, se contentam com a posse e uso de bens e tentam transferir,
ainda que minimamente, para o ambiente carcerário o seu estilo de vida anterior à
prisão. Assim, reproduzem ideias, gostos e sentimentos típicos de sua classe social,
consumindo e produzindo, mesmo quando presos, produtos lícitos e ilícitos. Dessa
forma, através de pesquisa qualitativa e empírica, por meio de entrevistas
semiestruturadas, de caráter exploratório, é demonstrado que, no sistema prisional
pesquisado, há tanto produção de bens e serviços quanto consumo. A análise
desses dados foi fundamentada nos ensinamentos de Bourdieu, permitindo concluir
que lavagem de roupa, elaboração de comida, venda de drogas (cigarros, maconha,
cocaína, crack, bebidas alcoólicas caseiras), celulares e sexo são parte constante da
vida nas prisões. |
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