Abstract:
A dissertação está vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Memória Social e
Bens Culturais, à Linha de Pesquisa Memória e Linguagens Culturais e faz parte do
Núcleo de Estudos sobre Tecnologias na Educação (NETE/CNPq), sendo de natureza
qualitativa e exploratória, partindo de bases hermenêuticas aproximadas a um estudo
de caso. Adotamos a abordagem hermenêutica para a revisão de literatura, no sentido
de analisarmos as produções científicas voltadas à Educação de Jovens e adultos
(EJA), bem como para a compreensão de pertencimento dos estudantes nesta
modalidade de ensino. Dessa forma, vislumbramos o fortalecimento das relações e o
reconhecimento de experiências com o outro por meio da abertura ao diálogo e à
tradição, tendo o horizonte de interpretação da realidade como referência.
Apresentamos o seguinte fio condutor à problemática investigada: Por quais razões
os estudantes da EJA interrompem seus estudos, e como essas experiências se
relacionam com suas memórias e histórias de vida durante esse percurso formativo,
considerando especialmente os aspectos de pertencimento e reconhecimento social?
O objetivo geral do trabalho consiste em mapear as principais tendências acerca da
evasão na EJA em estudos brasileiros, no período de 2018 até 2022, buscando
estabelecer relações com as memórias e histórias da evasão de um grupo específico
da EJA, do Centro de Educação de Jovens e Adultos (CEJA), de Araranguá, SC.
Dentre os objetivos específicos elencados: diagnosticar os principais motivos que
levaram os estudantes do CEJA a evadirem de seus estudos, relacionando
abordagens de pertencimento e (re)conhecimento como dimensões favoráveis à
permanência da EJA; analisar as produções teóricas sobre o tema estudado em
articulação com as representações e memórias dos estudantes egressos do CEJA,
para buscar alternativas educacionais na instituição. O produto final consistiu em
produzir um documentário motivacional com depoimentos de egressos do CEJA, que
hoje conquistaram seu espaço no mercado de trabalho com a conclusão dos próprios
estudos. Neste documentário, os jovens e adultos puderam narrar suas vivências,
suas memórias relacionadas à escola, os desafios encontrados para o pertencimento,
reconhecimento e os suportes dentro e fora da escola para à conclusão do curso. A
iniciativa buscouem memórias e sentimentos da vida escolar, aproximações e projetos
para promover os vínculos de pertencimento e amizade, fortalecendo as relações
humanas e (re)conhecimentos da e na EJA. Concluímos que a evasão escolar em
todos os níveis implica num processo histórico complexo, que perpassa pelo
funcionamento da sociedade vigente. As aulas na EJA devem contribuir e privilegiar a
convivência humana e suas respectivas leituras de mundo e realidade, evidenciando
a relevância do ato de aprender. O professor e a escola têm a liberdade e a
responsabilidade educacional de contagiar os sujeitos em prol da educação e pela
paixão por conhecer novas perspectivas, certamente a evasão começa a diminuir. A
preocupação dentro da comunidade escolar cresce diante da realidade em que muitos
jovens e adultos têm acesso à escola, porém, não conseguem se manter nela. A
(des)continuidade ou impermanência na sala de aula se torna um problema, gerando
discussões frequentes sobre o assunto e que demanda novas relações com
abordagens pedagógicas de pertencimento e de (re)conhecimento.