Abstract:
Essa dissertação foi desenvolvida, a partir de ampla pesquisa com o intuito de analisar
sob um enfoque transnacional a problemática do avanço de políticas neoliberais
predatórias no campo do trabalho, uma vez que este, exercendo um papel central na
vida humana, tem o intuito de manter o equilíbrio social, assim, o peso de ofensivas
capitalistas à sua proteção atinge não somente à construção social e jurídica, como
também aos aspectos emocionais e individuais. O discurso da modernidade no campo
laboral tende a conduzir a práticas que se sustentam na superexploração do
trabalhador a partir da desconstrução de direitos e da implementação de uma lógica
a partir da qual o trabalhador passa a ser um instrumento, mero objeto a serviço do
capital. Desenvolver um estudo sociológico sobre o tema da precarização e do seu
avanço em caráter transnacional, a partir da capilaridade de tecnologias gestoras do
trabalho por meio de aplicativos, deseja verificar não somente o “como” e o “porque”
do avanço de políticas neoliberais, mas também formas de atuação de proteção do
trabalhador perante essas políticas. O problema de pesquisa a ser desenvolvido
esforça-se em captar as formas sob as quais o pensamento neoliberal avança diante
da esfera trabalhista, manifestando-se em contornos singulares e coagindo os
trabalhadores e trabalhadoras, mediante práticas agressivas e redução de direitos.
Como metodologia de pesquisa, foi adotada a revisão bibliográfica, análise de dados
gráficos, análise da situação estrutural do trabalhador “uberizado” a partir de recente
julgamento do TST e análise da realidade social apresentada através de reportagens
sobre a atuação precarizante do avanço tecnológico por meio de aplicativos, no
campo do trabalho. Compreendemos o avanço fático de uma lógica neoliberal,
atuando na precarização e uberização do trabalhador, constatamos que essas
práticas exercem maior impacto sobre determinados grupos (mulheres, mulheres
negras, homens negros, migrantes, trabalhadores menos capacitados) no entanto, é
possível identificar a possibilidade de um alastramento da tendência para todas as
esferas de gênero, raça, escolaridade. O recorte desse estudo diligencia no sentido
de encontrar gatilhos para repensarmos as políticas de precarização do trabalho e
questões envolvendo a democracia, o gênero, nacionalidade, raça, trabalho na
sociedade e no âmbito do trabalho.