Abstract:
A transformação pessoal e moral, características centrais da fé cristã,
frequentemente leva os fieis a abandonar hábitos prejudiciais como tabagismo e
consumo excessivo de álcool, considerados contrários aos princípios bíblicos de
moderação e autocontrole. Esse processo de conversão pode, no entanto, criar
novos desafios comportamentais, especialmente no que diz respeito ao
comportamento alimentar. O comportamento alimentar é uma expressão abrangente
que inclui o consumo de alimentos, modos de comer e práticas relacionadas. A
expressão popular "crente não bebe, mas come" ilustra a substituição de vícios por
comportamentos alimentares problemáticos, como evidenciados pelo aumento de
casos de obesidade e sobrepeso, entre os evangélicos. A pesquisa foi realizada com
membros do grupo de jovens da Igreja Batista da Lagoinha, com idades entre 18 e
50 anos, que se declaram convertidos ao evangelho. Foram excluídos da amostra
indivíduos que nasceram em famílias cristãs (berço cristão) e aqueles que não
assinaram digitalmente o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Dados sobre
sexo, idade, peso e estatura foram coletadas para análise do índice de massa
corporal (IMC), e o comportamento alimentar foi avaliado através do Questionário de
Frequência Alimentar (QFA). A espiritualidade dos participantes foi medida usando a
Escala de Religiosidade da Universidade de Duke (Durel). O estudo buscou
identificar a relação entre a prática da fé cristã e o comportamento alimentar,
promovendo um estilo de vida saudável e equilibrado em conformidade com os
princípios bíblicos, sendo realizado através de um formulário eletrônico. Os
resultados da pesquisa evidenciaram mudanças no estado nutricional e nos padrões
alimentares dos participantes após a conversão religiosa, indicando influência direta
da prática de fé. Entre os homens, houve uma redução expressiva no percentual de
eutrofia (58,33% para 16,66%) e um aumento no sobrepeso (16,66% para 58,33%),
enquanto a obesidade manteve-se estável (8,33%). Já entre as mulheres, observou-
se aumento da eutrofia (48,27% para 51,72%) e do sobrepeso (17,24% para
34,48%), enquanto a obesidade grau 1 diminuiu (17,24% para 6,89%), mas surgiu
obesidade grau 3 em 3,44% da amostra. Em relação aos padrões alimentares,
destaca-se o aumento no consumo de alimentos in natura, como frutas (51% para
75%), legumes (43,9% para 70%) e leguminosas (41,46% para 60,97%), além de
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carnes (68,29% para 78%) e ovos (58% para 75,6%). Houve leve aumento na
ingestão de óleos (34% para 43,9%) e redução no consumo de alimentos
ultraprocessados (60% para 56%), doces (73,17% para 63,41%) e leite (58,53%
para 53,65%), indicando melhorias na qualidade da dieta. Quanto à influência da fé,
61,9% dos participantes relataram que os ensinamentos bíblicos moldam suas
escolhas alimentares. A maioria (61,9%) discordou que houve redução na ingestão
alimentar sem motivo aparente, sugerindo motivações conscientes para essas
mudanças, enquanto 23,8% indicaram aumento na ingestão pós-conversão. Os
resultados apontaram mudanças no estado nutricional e nos padrões alimentares
dos participantes.