Abstract:
O estudo discute os desafios contemporâneos das tecnologias na educação com o propósito de
suspeitar do modelo lógico-racional, de receitas tecnocráticas oriundas de uma tradição
utilitarista, unidirecional e programada de ensino empresarial, tendo por base a Teoria Crítica
e a Filosofia da Tecnologia. A pesquisa está vinculada à Linha 3 - Culturas, Linguagens e
Tecnologias na Educação e ao Núcleo de Estudos sobre Tecnologias na Educação –
NETE/CNPq, do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade La Salle. A
problemática deste trabalho gira em torno de duas questões norteadoras: Que alternativas
contra-hegemônicas podemos lançar para ultrapassar os domínios técnicos de ensino e fomentar
diálogos formativos com os conhecimentos tecnológicos, para (re)pensar o abismo que separa
a razão operacional de um projeto crítico e reflexivo das tecnologias na educação? As
tecnologias na educação seriam uma velha aspiração para resolver os complexos problemas
socioeducacionais ou uma inspiração ao questionamento, desafios e tensões com a educação
intercultural do mundo digital? Temos como objetivo geral compreender as abordagens
vigentes das tecnologias na educação, considerando as resistências e inércias em relação às
pesquisas e práticas de educar, explicitando as interferências e as contradições formativas das
tecnologias no campo do pensar e agir educativo-comunicativo. Procuramos (re)pensar e
questionar os limites das tecnologias na educação, trazendo as dimensões críticas e sociais
ocultas no próprio conceito de tecnologia, como forma de provocação des-reificante dos
processos de colonização cultural de ensino orquestrados pelo interesse técnico do mercado (de
reificação da prática técnica), que leva à instrumentalização dos sujeitos (abstração no sentido
de viverem como autômatos) e da vida, à violência contra si mesmo como realização, à exaustão
do trabalho humano e pedagógico. A constituição desse trabalho de abordagem hermenêutica,
realizado a partir de textos e autores considerados referência para esta temática, bem como do
resultado de pesquisas recentes voltadas para a compreensão das contradições presentes nos
textos e discursos desse campo, busca ultrapassar as interpretações comuns de uma sociedade
administrada e uniformizada e o horizonte limitado de nossa linguagem tecnológica
formalizada nas tradições culturais, ampliando o interesse pelo conhecimento crítico e
emancipador. Sublinha-se que alguns estudos recentes têm demonstrado que a tecnologia na
educação é uma faca de dois gumes, o que implicaria revisar antigas práticas de colonização
institucional, por meio das tecnologias, que acabam gerando ações individuais movidas por
relações de poder, vinculando desorientações e alienações em seus entrelaçamentos
pedagógicos. Concluímos que para ultrapassar a operacionalidade técnica e normativa inscrita
e projetada na educação é necessário expandir os horizontes reflexivos com base no pensar
(auto)crítico, buscando elucidar as contradições da aplicação do saber de interesse tecnológico,
como forma de ressignificar as bases formativas em ações reconstrutivas, curiosas e apropriadas
nas práticas pedagógicas.