Abstract:
Os sintomas de dificuldade de aprendizagem é um tema muito debatido e estudado pela área da
Educação. Na alfabetização, o tema ganha um espaço ainda maior a partir do grande número
de alunos que não consegue concluir o processo de alfabetização nos três primeiros anos do
Ensino Fundamental. Os alunos, então, são reprovados no terceiro ano, de acordo com o Parecer
do Conselho Nacional de Educação (CNE) e Câmara de Educação Básica (CEB) nº 11/2010.
Nesse sentido, é fundamental repensar a prática pedagógica e a forma como os sujeitos
constroem os conhecimentos para melhorar os processos de ensino e de aprendizagem, por
intermédio de uma metodologia em que os alunos tenham papel ativo em seu processo de
aprender. Esta investigação fez parte dos projetos Biblioteca Viva: espaço de apoio ao processo
de ensino e aprendizagem, inserido à linha de pesquisa Formação de Professores, Teorias e
Práticas Educativas, e Recontextualizar as Ciências e a Contação de Histórias para os
Processos de Ensino e de Aprendizagem de Educação Básica à Formação de Professores em
Nível Internacional, inserido à linha de pesquisa Culturas, Linguagens e Tecnologias na
Educação, ambos do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade La Salle, foi
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa e está disponível para consulta por meio do
Certificado de Apresentação para Apreciação Ética- CAEE 98789018.5.000.5307. O objetivo
geral da pesquisa é analisar como a contação de histórias, entrelaçada à participação familiar,
intervém no desenvolvimento da alfabetização de alunos que apresentam sintomas de
dificuldade de aprendizagem. Esta Dissertação teve cunho metodológico qualitativo, optandose pela técnica de Observação Participante. A pesquisa foi desenvolvida em uma escola
municipal de Canoas/RS, com uma turma de terceiro ano do Ensino Fundamental formada de
alunos, em maioria, multirrepetentes, com dificuldade no processo de alfabetização. A
professora pesquisadora, mediante práticas pedagógicas, utilizou a contação de histórias para
desenvolver atividades atinentes à alfabetização, entrelaçadas à participação familiar. As
práticas pedagógicas foram desenvolvidas no ambiente escolar e orientadas para serem
realizadas no ambiente familiar através do envio de kits de leituras. Os dados da pesquisa
evidenciaram que as práticas pedagógicas com a contação de histórias possibilitam a
alfabetização de forma contextualizada, com maior interação entre os alunos, com as suas
famílias e com a própria professora. Evidencia-se que a aprendizagem ocorre a partir da relação
entre professores, alunos e suas famílias, quando o meio pode ser facilitador ou problematizador
na superação dos sintomas de dificuldades de aprendizagem. As práticas pedagógicas
desenvolvidas no ambiente escolar apresentaram contribuições importantes, pois possibilitaram
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aos alunos atuarem como protagonistas das suas aprendizagens por meio da ação e da
investigação sobre os fatos presentes na história e com a socialização entre os seus pares, o que
propiciou trabalhar com os diferentes níveis de alfabetização que permeavam a turma. A
interação entre os sujeitos e os objetos de conhecimentos, através da ação, possibilitou os
processos de assimilação e acomodação, culminando com a adaptação. A partir do equilíbrio
dos sujeitos frente às dificuldades encontradas, inicialmente, com as práticas pedagógicas,
houve a possibilidade de construção de novos esquemas, fator determinante para que ocorra a
aprendizagem. Os dados indicam a oscilação da participação familiar na participação das
práticas propostas. Ao comparar o rendimento escolar dos alunos, foi observado que os que
mostraram melhor desenvolvimento na alfabetização foram os que tiveram seus familiares
fazendo parte do projeto proposto de modo mais intenso.