Abstract:
Esta dissertação insere-se na linha de pesquisa Formação de Professores, Teorias e
Práticas Educativas do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade
La Salle, cujo objetivo é analisar o imaginário social das/dos docentes sobre a
aprendizagem das alunas do curso Técnico em Administração, numa escola de ensino
técnico privado de Porto Alegre/RS. Os teóricos norteadores foram Castoriadis (1982;
1987; 1997; 1999), Tardif (2010), Louro (2008; 2014) dentre outros/as. A metodologia,
de natureza qualitativa, foi conduzida por um questionário e entrevista
semiestruturada junto às/aos docentes. Na fase do questionário, participaram 23
docentes e, destes/as 8 (um professor e sete professoras) se declararam dispostos e
participaram da fase das entrevistas, O questionário foi elaborado com perguntas
abertas e fechadas visando atender os objetivos. A entrevista foi conduzida através
de um roteiro com cinco questões norteadoras realizada com 8 docentes, sendo sete
mulheres. A análise dos resultados baseou-se na Análise de Conteúdo, de Bardin,
extraindo-se cinco categorias inspiradas nas interlocuções advindas do/as docente/s
em que se pode destacar que as concepções ratificaram o que o título dessa
dissertação propôs, pois trouxeram o entendimento de que as alunas aprendem
porque são dedicadas, esforçadas e comprometidas. Percebe-se, também, que no
imaginário desse/as docente/s, a aprendizagem das alunas sofre influência tanto do
envolvimento em tarefas domésticas, quanto em atividades que envolvam os cuidados
para com os seus. Evidenciou-se que o/as docente/s possuem a crença de ainda
persistirem dificuldades das alunas na aprendizagem que envolvam questões de
raciocínio lógico-matemático, reforçando, inclusive, estereótipos já instituídos no
imaginário coletivo, de que a teoria é de domínio das alunas, enquanto os cálculos e
raciocínios lógicos são de domínio dos alunos. Uma outra evidência que emergiu foi
que, velada ou explícita, existem situações nas salas de aula do Técnico em
Administração, que se traduzem em violência simbólica de gênero, relacionadas à
aprendizagem das alunas, através das chamadas “brincadeirinhas” inadequadas por
parte dos alunos, do tipo “tinha que ser loira, tinha que ser mulher”, diante das
8
situações de dificuldades das alunas em aula, de acordo com as percepções de
algumas docentes entrevistadas. Considerando-se os relatos pode-se inferir que, em
especial nas falas das professoras, existem evidências de que a aprendizagem das
alunas está voltada ao esforço e no ambiente de sala de aula são perceptíveis
determinadas discriminações e preconceitos envolvendo as designações de gênero,
inclusive as próprias professoras trouxeram relatos de terem sido alvo de tais
condutas, conforme apontado nesta pesquisa. Como conclusão desse estudo
envolvendo o imaginário docente, destaca-se que cabe às/aos docentes a reflexão de
que não se trata de destruir o já instituído, em termos de relações, mas, sim,
desconstruir toda e qualquer prática alusiva à cultura de inferiorização que abrange o
papel das alunas em sua aprendizagem, em especial neste espaço social que é a sala
de aula. Ressalta-se que investigações dessa natureza não se esgotam, podendo
inclusive ampliar a discussão desde a perspectiva das alunas, ou seja, como elas se
“enxergam” no processo de aprendizagem frente as suas múltiplas jornadas e
inúmeros desempenho de papeis sociais.