dc.description.abstract |
A presente pesquisa tem como tema central o mal-estar docente e insere-se na linha de pesquisa
Culturas, Linguagens e Tecnologias da Educação, do Programa de Pós-Graduação em
Educação da Universidade La Salle, na modalidade Interinstitucional. A saúde e o bem-estar
docente estão na pauta de entidades internacionais e nacionais em razão das sérias repercussões
do mal-estar que afeta alguns professores. Neste sentido, o mal-estar docente é um fenômeno
que pode caracterizar-se pela sensação de desesperança, insatisfação e, às vezes, desespero
diante da lembrança da sala de aula, dos alunos, dos seus pares e da escola em si. Enfim, uma
completa falta de ânimo para estar com os alunos, insatisfação com a profissão, descrédito na
educação e consigo próprio. Por outro lado, é preciso reconhecer que as escolas são sistemas
organizacionais, dinâmicos e complexos, que necessitam de diferentes tipos de recursos para
realizar os seus processos organizacionais e pedagógicos e cumprir a sua finalidade que é a
formação discente. Portanto, nosso olhar será para dentro do ambiente das organizações
escolares, a partir de dissertações e teses que abordaram o clima escolar, no sentido de
investigar se ali estão presentes os indicadores primários e as consequências do mal-estar
docente - ainda que os autores das obras não tenham pesquisado diretamente este fenômeno.
Assim, buscamos responder ao seguinte problema de pesquisa: “Os indicadores primários e as
consequências do mal-estar docente estão presentes em estudos sobre o clima escolar?”. O
objetivo geral foi investigar se os indicadores primários e as consequências do mal-estar
docente estavam presentes nesses estudos e os objetivos específicos foram caracterizar esses
estudos; descrever os indicadores primários e as consequências do mal-estar docente que ali se
fizeram presentes. Nosso corpus foi constituído por vinte e nove produções que analisaram o
clima escolar, entre os anos de 2013 e 2019, recuperados pela Capes e BDTD, na área da
Educação. O referencial teórico, quanto à organização, cultura e clima escolar, está ancorado
em autores como Aranha (1996), Nóvoa (1999), Tardif e Lessard (2011), Libâneo, Oliveira e
Toschi (2017), Libâneo (2004), Carvalho (1992), Brunet (1992), Vinha e colaboradores (2016,
2017). Quanto ao mal-estar docente, nossa referência é José Manuel Esteve (1999), além de
outros autores importantes, como Stobäus Mosquera e Santos (2007), Dohms, Stobäus e
Mosquera (2012), Bongiovani (2018) e Gouvêa (2016), dentre outros. Para responder ao nosso
problema, seguimos uma metodologia, conforme André (2001), Gil (2002, 2008, 2019),
Minayo, Deslandes e Gomes (2009), Lakatos e Marconi (2003.) Portanto, trata-se de uma
pesquisa básica e teórica e quanto à técnica da coleta dos dados, caracteriza-se como
bibliográfica. Quanto aos objetivos trata-se de uma pesquisa exploratório-descritiva, e a sua
natureza é de cunho qualitativo. Analisamos os dados conforme a técnica de análise de conteúdo
de Laurence Bardin (2011). A presença dos Indicadores Primários do mal-estar docente mostra
que há infraestrutura deficiente e inadequada em muitas escolas, outras com espaços insalubres
e inapropriados para a convivência dos membros escolares. A prática pedagógica é prejudicada
em razão das constantes reformas e ampliações. Também a escassez de recursos (materiais,
humanos e tecnológicos) para realizá-la bem, o que pode levar à compra de material escolar
pelos próprios professores. A relação entre pares, em razão das diferenças de vínculo
empregatício, revela-se prejudicada e leva ao sentimento de injustiça entre os docentes. Espaços
improvisados e malconservados, prédios escolares com pinturas desgastadas, mofo e sujeira
retratam a precariedade de muitas de nossas escolas. A violência subjaz neste contexto,
prejudicando o processo de ensino e aprendizagem, levando, muitas vezes, professores e alunos,
a um sentimento de desconfiança e insegurança. Por isso, a busca docente por escolas mais bem
equipadas ou em bairros menos violentos foi flagrante. O esgotamento docente compromete a
saúde e o desempenho docente. As Consequências do mal-estar docente, refletem insatisfação,
cansaço, desmotivação, desânimo e tristeza docente. O absenteísmo é uma das formas de aliviar
a tensão e por meio dele, o professor busca, indireta e inconscientemente, não adoecer, no
entanto, ele não resolve o seu problema diante do desgaste que a docência, por vezes, acaba
acarretando. A rotatividade é tão nociva quanto ao absentismo, e quase nenhuma escola dispõe
de professores extras para suprir as ausências. Ao final, o maior prejudicado é o aluno,
especialmente em razão do rompimento da relação entre o professor e o aluno. Para enfrentar
tantas frustrações, o professor se inibe; ao fazê-lo não se empenha ou se envolve tanto quanto
poderia, mas desenvolve uma indiferença que se traduz no rompimento de vínculo afetivo entre
ele e seus alunos. Sendo assim, esse professor exerce a docência com o mínimo de esforço,
encarando-a como um meio de ganhar a vida, porque não se compromete ou se envolve com
ela, nem com os alunos. Uma parcela de professores, vê-se diante da necessidade de mudar de
carreira, caso mudar de escola não resolva o problema. As doenças afastam o docente da sala
de aula por períodos variados. Às vezes isso não traz sérias implicações, mas pode prejudicar o
processo de ensino e aprendizagem e também levar à diminuição da qualidade do ensino.
Percebemos as dificuldades de lidar com o número significativo das doenças dos professores.
Sejam elas oriundas ou não do mal-estar docente, comprometem demasiadamente a rotina, a
organização da escola, haja vista que afeta o ambiente escolar. Enfim, são necessários outros
estudos do campo da Educação, de modo que se encontrem soluções, apoio e uma colaboração
mais efetiva dos órgãos públicos para com nossas escolas e professores. |
pt_BR |