Abstract:
A presente dissertação situa-se na esfera da Linha de Pesquisa Formação de
Professores, Teorias e Práticas e tem como objetivo geral desvelar inferências sobre
a pobreza menstrual tendo como base narrativas e entendimentos das estudantes
do 9o ano de uma escola da rede pública municipal de Novo Hamburgo/RS. Os
objetivos específicos delineados para alcançar tal propósito foram: analisar as
percepções das alunas em relação à menstruação e o cotidiano escolar e como
mitos e tabus sociais relativos à menstruação permeiam este cotidiano; identificar
quais informações e conhecimentos as estudantes aprenderam na escola sobre os
seus ciclos menstruais; e verificar o acesso das estudantes à itens básicos de
higiene menstrual. A fundamentação teórica desta pesquisa encontra respaldo em
autores das áreas de educação e gênero, destacando-se, sobretudo, as obras de
Louro (1997, 2000), Freire (1974), Fetter (2022), Lerner (2019) e Unfpa e Unicef
(2021). No campo da pobreza menstrual, destacam-se Tarzibachi (2017, 2020),
Ussher e Perz (2020), Wood (2020), Johston-Robledo e Chrisler (2020) e Menegotto
(2022). Metodologicamente, a pesquisa assume um caráter qualitativo e
exploratório, configurando-se como um estudo de caso. Treze estudantes do nono
ano do ensino fundamental de uma escola pública municipal em Novo Hamburgo/RS
constituem as protagonistas da pesquisa. A análise dos dados gerados ocorreu por
meio do método de Análise de Conteúdo proposto por Bardin (1977). Os resultados
evidenciam a presença de mitos, tabus e estigma menstrual no cotidiano das jovens
estudantes, perpetuando um ambiente permeado por medo e vergonha, o que
impacta adversamente em seus itinerários formativos. Como conclusão destacada,
ressalta-se que a escola se configura como um espaço vulnerável à pobreza
menstrual. Contudo, é factível reverter esse cenário mediante o acesso universal à
informação, a promoção do diálogo e a provisão de condições básicas de higiene
menstrual nos banheiros escolares.