Abstract:
Esta tese insere-se no campo de estudos da Memória Social e propôs um estudo sobre a ancestralidade e a manifestação da memória em contos da Literatura Afro-brasileira, tendo como recorte Olhos d'água (2014), de Conceição Evaristo; Das águas (2017), de Cristiane Sobral; e Arlinda (2017), de Fátima Trinchão. O intuito foi o de investigar que traços da memória se fazem presentes e como a ancestralidade pode ser evidenciada nessas narrativas. Por meio de uma metodologia qualitativa, o estudo tem por finalidade, um diálogo entre teóricos da Literatura Afro-brasileira, estabelecendo, em seguida, apontamentos acerca da Memória Social. Ao tecerem suas narrativas, as escritoras possibilitaram que as narradoras/personagens restabelecessem seus laços ancestrais através de traços memoriais. Identifica-se a presença da água e de orixás como traços recorrentes nas três narrativas. Esses vestígios contribuíram para os processos de rememoração e transmissão, bem como para a reconstrução da identidade negra. Por este viés, a ancestralidade atravessa diferentes conceitos, sendo entendida como um símbolo de resistência para as culturas afro-brasileiras. Também destaca-se o papel da ancestralidade como uma forma de resistência aos escravizados, operando na transmissão de bens não só econômicos, mas também simbólicos. E, por fim, o conceito de ancestralidade é constituído de práticas sociais que abrangem as relações familiares. A pesquisa também oportunizou que estudantes, cursando o 8º Ano, lessem e analisassem as narrativas, indicando traços de ancestralidade e memória. Em seguida, os estudantes produziram contos em sala de aula, tendo como referência traços da memória e da ancestralidade.