Abstract:
Esta Tese aborda a juventude LGBT (Lésbica, Gay, Bissexual e Transexual) e a maneira como
se relaciona com as redes sociais on-line e com a Rede de Movimento Social LGBT, tendo
como objetivo compreender de que modo o exercício da ciberdemocracia, da amizade e da
escrita de si entre jovens, que se relacionam pelo Facebook, podem se constituir como uma
política de performatividade e um dispositivo de enfrentamento das precariedades. As 683
postagens (textuais e imagéticas), das fan pages de Organizações Não Governamentais que
militam na Rede de Movimento Social LGBT - Jóvenes LGBT México (México), Federación
Argentina LGBT – FALGBT (Argentina), Rede Ex Aequo (Portugual), Rede Nacional de
Adolescentes LGBT (Brasil) - construíram a cartografia dos bancos de dados e interações,
analisadas através das ferramentas metodológicas de Análise de Rede Social (ARS), Análise de
Discurso de Michel Foucault e Análise Imagética de Gillian Rose, sendo utilizado como
arcabouço teórico de análise os Estudos Feministas, Culturais, de Gênero e, sobretudo, os
Estudos Queer, sustentado em três eixos conceituais – Políticas de Performatividades,
Precariedade e Sociabilidades. Esta concepção teórico-metodológica situa a pesquisa como
exploratório-descritiva, netnográfica, de caráter qualitativo e relacionada aos processos
educacionais que constituem os sujeitos no ciberespaço, sendo desenvolvida em três linhas de
análise: Rede de Movimento Social, Ativismo On-line LGBT e Escrita de Si. Da análise do
material, resultou a tese, segundo a qual, a amizade nas redes sociais on-line pode ser
constituinte de uma potência revolucionária, uma combinação produtiva de desejos e afetos que
subvertem as malhas da sociedade de controle, já que as redes colaborativas e a militância glocal
produzem fissuras, práticas de liberdade que não operam pela vontade de dominação, mas pela
resistência constituída no comum, articulada em multidão e agenciada por redes de afeto. A
isso denomino Heterotopias On-line. Esta Cultura do Afeto é representada pelo amor
revolucionário que tem significado na resistência, porque resistir é, ao mesmo tempo desejável
e desejante. E é do resistir (cri)ativo que podemos construir um mundo melhor.