Abstract:
Esta dissertação procura resgatar um pouco do patrimônio cultural do povo
moçambicano: os saberes e as práticas nas tradições, sua produção e transmissão.
Usando o conceito de memória de Bosi, o autor faz uma análise das cartas, das
fotografias e da memória-lembrança dos quatro anos que atuou como missionário
lassalista na educação de Beira e de Mangunde (2003-2006), região central daquele
país do sudeste africano. Utilizando-se de autores como Hampêtá Bâ, Couto,
Cezerilo, Bhabha, Oliveira, Lopes e outros, dialoga com a cultura, com a identidade
e com as tradições moçambicanas da Província de Sofala, perpassando suas
manifestações culturais, noção de indivíduo e de tempo africano, a organização
social e a família, a religião e os ritos de passagem. Ao longo da pesquisa usa os
tambores como linguagem universal para fazer o resgate desta memória, por estes
estarem presentes em todos os momentos e situações da vida, nos ritos e nas
cerimônias. A investigação realça que a dimensão educativa dos saberes e das
práticas está dentro do cotidiano da oralidade, com destaque para a sabedoria dos
anciãos e a presença dos antepassados na produção e na transmissão.