Abstract:
Esta pesquisa teve por objetivo desenvolver, implementar e avaliar uma intervenção
antibullying no contexto escolar, denominada #NoBullying. A tese é apresentada em seis
estudos, com um capítulo teórico, um que descreve a intervenção e quatro estudos empíricos.
O primeiro estudo refere-se a uma pesquisa qualitativa exploratória, realizada pelo grupo de
pesquisa “Pesquisa, intervenção e ensino sobre bullying relacionado às populações vulneráveis”
(UFRGS), que constitui a segunda etapa de validação do instrumento Cartoon Test no Brasil.
No segundo estudo, é apresentada uma revisão integrativa da literatura sobre programas de
intervenção em bullying no contexto escolar. O terceiro estudo descreve o processo de
desenvolvimento da intervenção e apresenta avaliações preliminares. A intervenção, baseada
teoricamente na Psicologia Positiva, no Método Experiencial e nas Metodologias Participativas,
é composta por oito encontros grupais, com média de duas horas por sessão, totalizando 16
horas. Os temas trabalhados são: bullying, clima escolar, empatia e respeito às diferenças, rede
de apoio, engajamento escolar e protagonismo juvenil. No quarto estudo, são apresentados os
resultados do estudo de viabilidade (estudo piloto) da intervenção, que demonstrou que a
proposta é viável e contribui para melhoria das relações no ambiente escolar. O quinto capítulo
apresenta o estudo de eficácia da intervenção, a partir de um delineamento quase-experimental.
Participaram desta pesquisa 69 adolescentes, com idades entre 12 e 17 anos (M=13,68;
DP=1,16), com 40 participantes alocados no Grupo experimental (GE) e 29 no Grupo de
Controle (GC). Os instrumentos utilizados para avaliação quantitativa foram: Cartoon Test,
Kidscreen-52, Social Support Appraisals, Delaware School Climate - Versão Estudante. As
variáveis dependentes analisadas no estudo quantitativo são: percepção de bullying, qualidade
de vida, apoio social e clima escolar. Além disso, foi realizada avaliação da moderadora da
intervenção quanto às Habilidades Sociais e Integridade/Fidelidade com a proposta da
intervenção, além da adesão dos participantes às atividades, por meio da Ficha de Avaliação do
Observador. Análises intragrupo após a intervenção indicaram diferenças estatisticamente
significativas para o GE, com melhoras em dimensões da percepção de bullying, qualidade de
vida e apoio social. A análise entre grupos em T2 também indicou melhor percepção do bullying
para GE, demonstrando o efeito da intervenção nos participantes. No estudo qualitativo, sexto
capítulo, buscou-se investigar expressões de ações protagonistas identificadas na intervenção.
Os instrumentos utilizados foram: Medida de Avaliação da Intervenção (questão descritiva),
Ficha de Avaliação do Observador (questões descritivas) e Diário de campo da moderadora.
Resultados demonstram que o grupo engajou-se nas tarefas propostas e empoderou-se
individual e coletivamente para atuar como agentes protetivos junto a seus pares, com
evidências de exercícios de protagonismo no contexto da escola. Apesar das limitações desta
pesquisa, entende-se que este estudo demonstrou que a intervenção tem potencial de contribuir
para a prevenção do bullying escolar, em conformidade com as legislações vigentes.