Abstract:
O estudo foi desenvolvido na linha de pesquisa Culturas, Linguagens e Tecnologias na
Educação do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade La Salle
(UNILASALLE), e busca analisar a influência das mídias digitais na linguagem de jovens, da
comunidade Mundo Novo no município de Manaus, Amazonas, uma vez que muitos deles já
vivem do trabalho informal e estudam no horário noturno fora da comunidade. É dentro desse
contexto das juventudes periféricas para seus engajamentos e participação social, que as mídias
digitais, através de seu discurso e de outros aparatos tecnológicos da globalização, influenciam
esses jovens na construção de suas falas. A pesquisa apoia-se na análise do discurso, linguagem
e mídias, tendo como referencial teórico os aportes de Pêcheux (2002), Bakhtin (2000), Orlandi
(2002), Ianni (2004). Neste sentido, buscamos apoio em normativas legais, como o Estatuto da
Juventude (BRASIL, 2013), o Marco Civil da Internet (BRASIL, 2014) e o Estatuto da Criança
e do Adolescente (BRASIL, 1990), os quais estabelecem direitos e garantias a esses jovens no
mundo vivido, reinterpretando a tessitura dos processos cotidianos emergentes. Para
contextualizar a questão das mídias na educação, utilizamos Walter Benjamin (1986, 1987),
Herbert Marcuse (1973), Adorno e Horkheimer (1985) e Belloni (2012), em articulação com
pensadores da atualidade. A partir de uma pesquisa exploratória e de campo, justificada em um
estudo de caso dialógico, foram alinhadas observações e um questionário semiestruturado e
entrevistas com os participantes da pesquisa, na perspectiva de visibilizar os saberes-fazeres
dos participantes, por meio de um levantamento socioeconômico, e traçamos as relações
existentes entre escolarização, poder aquisitivo e inclusão digital desse público. Embora as
novas gerações digam que não sentem a interferência das mídias digitais em seus discursos e
falas, por transitarem em diversas comunidades, interagirem com flexibilidade e se incluírem
em ambiências digitais, verificamos que as redes digitais estão eivadas de ideologias
manipuladoras à construção de sentidos para a participação social. Por meio de conversas e
indagações com esse público, percebemos o quanto as mídias influenciam o discurso e as
experiências de vida desses jovens em territórios subalternizados, pelo fenômeno da aquisição
de produtos culturais como celulares de acesso às redes sociais e à conectividade, tornando-se
meros consumidores de um mundo hiperconectado.