Abstract:
Esta tese tem como linha de pesquisa “Formação de Professores, Teorias e Práticas
Educativas” relacionada com os estudos de gênero. A temática aborda as relações de gêneros
e sexualidades nas escolas, especialmente, as relações diante da LGBTQIAPNfobia e suas
interseccionalidades. A investigação tem como contexto a educação formal escolar nos anos
finais do ensino básico da rede municipal de Sapucaia do Sul, cidade localizada na região
metropolitana de Porto Alegre. As inquietações e questionamentos partem de um episódio
específico sobre uma atividade pedagógica em um projeto contra a homofobia, o qual é
confrontado por políticos locais. O objetivo é analisar o que é problematizado, aceito e/ou
negado no ambiente escolar na rede de educação de Sapucaia do Sul sobre sexualidade diante
da LGBTQIAPNfobia e das designações de gênero. Mais especificamente propõe-se a
compreender a construção e abordagens na prática de projetos pedagógicos em Sapucaia do
Sul nas temáticas de gêneros e sexualidades; investigar os conflitos que se dão a partir das
imposições da normalidade sobre a heterossexualidade e homossexualidade, levando em conta
as relações de influências dos espaços públicos e privados no processo de ensino e
sociabilização; e explorar os significados, performances e estereótipos sobre os conceitos
relacionados a gênero e sexualidades nas escolas pesquisadas e no processo de experiência de
seus docentes. Esta pesquisa se caracteriza como um estudo de caso, de cunho qualitativo,
utilizando as técnicas do grupo focal e entrevistas para a coleta de dados, visando
compreender as relações de gênero na educação da rede pública junto aos conflitos e
formações que perpassam os educadores. Para análise dos dados se utilizará a análise de
conteúdo (Bardin, 2011). Os estudos de gênero em uma perspectiva decolonial junto a teoria
queer e da performatividade são relevantes como propostas epistemológicas que embasam
teoricamente esta pesquisa. Com isso, ao analisar as experiências e contextos da violência
sobre as sexualidades na educação básica em Sapucaia do Sul, aponta-se algumas
considerações em torno das possibilidades de pensar e questionar outras práticas em torno das
naturalizações de normas e identidades que se revelam limites sobre a sexualidade humana.
Desta forma, percebeu-se que a realidade escolar e seus conflitos em abordar a realidade sobre
gênero e sexualidade ainda é desafiador, seja pelo medo, pela desvalorização profissional e
pelos interesses políticos e públicos que envolvem estas relações. É imprescindível abarcar a história da sexualidade no currículo e projetos escolares, em um viés além do biológico e
considerar os conflitos sociais no campo da sexualidade. A homofobia não pode ser pensada
apenas como uma discriminação sobre a sexualidade e desejo, deve ser pensada sobre outros
marcadores que perpassam a história do corpo e comportamento do sujeito na sociedade para
romper com os efeitos da colonização. Estas estruturas devem ser derrubadas por meio de
uma pedagogia descategorizante, que busque cruzar fronteiras e subverter as imposições
limitantes que causam violências e corroboram para a manutenção de um sistema perverso de
discriminações e desigualdades.