Jogos e brincadeiras indígenas no ensino da educação física: uma experiência de educação intercultural decolonial

Abstract

O presente estudo tem como objetivo analisar, sob a perspectiva decolonial, um projeto pedagógico escolar que envolve experiência intercultural e interdisciplinar na Educação Física, com a participação de comunidades indígenas. Busca-se compreender como essa abordagem contribui para a prática pedagógica e para a inclusão dessas comunidades no contexto escolar. Além disso, procura-se entender quais são os espaços de troca intercultural entre indígenas e não indígenas nos ambientes da aldeia e da escola, assim como conhecer e compreender as percepções dos estudantes da escola regular sobre a interação intercultural e seus impactos em sua visão de mundo. Também se buscou analisar como as práticas docentes na Educação Física, utilizando jogos e brincadeiras de origem indígena, contribuem para uma educação intercultural, interdisciplinar e decolonial. O estudo está inserido na linha de pesquisa “Formação de professores, teorias e práticas educativas”, do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade La Salle (Unilasalle), e encontra apoio nos estudos realizados pelo Grupo de Pesquisa em Educação Intercultural (GPEI/CNPq). O suporte teórico foi construído com vistas a dar destaque àqueles que assumem a perspectiva dos que por muito tempo estiveram silenciados. Ailton Krenak, Daniel Munduruku, Davi Kopenawa, Edson Kaiapó, Luiz Rufino e Maria Aparecida Bergamaschi são alguns dos intelectuais e pesquisadores que contribuem para o alargamento das análises. A pesquisa participativa foi realizada com alunos do 9º ano de uma escola municipal de Ensino Fundamental de Canoas/RS. Esses alunos interagiram e dialogaram de forma direta com representantes do povo Kaingang da aldeia Por Fi Gã de São Leopoldo/RS. Após a análise cuidadosa de todos os relatórios dos alunos, os resultados do estudo indicam que há uma necessidade de mais trabalhos de pesquisa dentro das escolas ditas “não indígenas” que envolvam o conhecimento e o reconhecimento dessas culturas. Ademais, evidencia-se que as pontes interculturais entre escola e aldeia são essenciais para esse processo, que a interdisciplinaridade é uma excelente ferramenta de aprendizagem e que é não apenas possível, mas essencial, que a Educação Física escolar se abra para esses movimentos.